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Ciro: 'Não acho que o Lula seja um ladrão, eu nunca disse isso'

Herculano Barreto Filho e Beatriz Gomes

Do UOL, em São Paulo

15/12/2021 14h39

Ciro Gomes (PDT), pré-candidato à Presidência da República, agradeceu o comentário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que repudiou o comportamento da Polícia Federal ao incluir Ciro e seu irmão Cid Gomes (PDT) na mira de uma investigação sobre um suposto esquema de corrupção nas obras do estádio Castelão entre 2010 e 2013, em Fortaleza.

"Agradeço o gesto democrático do presidente Lula em denunciar isso que eu sofri. A violência que aconteceu contra mim é para me calar, e eu apenas disse que vou continuar dizendo o que penso. Eu não acho que o Lula seja um ladrão, eu nunca disse isso", disse, em entrevista aos jornalistas Fabíola Cidral e Tales Faria no UOL News.

Ciro reforçou o posicionamento crítico e de denúncia a casos de corrupção —incluindo o governo Lula. "O que eu disse é que a denúncia de corrupção que eu continuarei fazendo do Moro [Sergio Moro] e do governo do Lula eu continuarei fazendo. Não há força humana que me faça desertar do meu compromisso de ajudar o povo brasileiro a combater a corrupção".

O tom adotado por Ciro mudou em relação a posicionamentos recentes. Como em agosto deste ano, quando o pedetista fez uma série de ataques ao ex-presidente em entrevista ao jornalista Pedro Bial. "O ego do Lula agora não tem reparo, despirocou geral. E agora está piorado, porque considera que o crime compensa", atacou.

No UOL News, o jornalista Tales Faria rebateu o posicionamento de Ciro sobre Lula. "O senhor disse: 'Vão me insultar, vão me agredir. Mas a intenção é exatamente essa: me abater para que eu seja moderado, para que eu não continue atacando aqueles ladrões e assaltantes da vida pública brasileira, como é o Bolsonaro e como foi o Lula".

Após Ciro confirmar a autoria da frase, Tales concluiu: "Então o senhor está chamando ele de ladrão". O pedetista desconversou e elevou o tom de voz: "Tales, quando eu quero chamar alguém de ladrão, eu chamo de ladrão. Eu acabei de dizer o que penso. O resto é provocação que não guarda coerência com o meu momento espiritual. Respeite isso!".

Em seguida, Ciro reafirmou a intenção de debater com o ex-presidente sobre a sua responsabilidade nas eleições vencidas por Jair Bolsonaro (PL) em 2018. "Eu quero debater com o Lula se ele acha que o Bolsonaro caiu do céu. Se o Bolsonaro não é consequência de um protesto grande do povo brasileiro da corrupção como modelo central de poder do PT".

O pedetista, então, voltou a agradecer ao ex-presidente por sair em sua defesa.

Eu lamento repetir isso numa hora em que o Lula foi tão generoso e gentil comigo. Porque ele sabe o que é sofrer perseguição. E ele sabe que eu o defendi também quando o Moro fez todas as arbitrariedades que fez contra ele. O Lula está fazendo isso porque é a defesa da civilidade. Se a gente resolver perseguir os adversários, a gente não precisa mais acreditar na democracia."
Ciro Gomes (PDT), pré-candidato à Presidência da República

Ciro também questionou a postura da imprensa ao fazer referências a ele como oposição às candidaturas de Lula,

"Eu não sou o candidato que sou contra o Lula, contra o Bolsonaro. Isso é um equívoco grosseiro e um gesto preguiçoso de uma certa mídia brasileira que tenta simplificar o que não é simples. O que eu tenho a ver com Moro, com Bolsonaro?", questionou.