Topo

Esse conteúdo é antigo

Ciro: buscas da PF não se justificam, porque atos aconteceram em 2012

Herculano Barreto Filho e Beatriz Gomes

Do UOL, em São Paulo

15/12/2021 12h50

Ciro Gomes (PDT), pré-candidato à Presidência da República, se defendeu das acusações da Polícia Federal de envolvimento em um suposto esquema de fraude e pagamento de propina durante as obras entre 2010 e 2013 do estádio Castelão, em Fortaleza.

"A suspeita é que haveria uma propina ou um conjunto de propinas derivadas da licitação do estádio do Castelão em 2012. Nós estamos no ano de 2021", argumentou, em entrevista aos jornalistas Fabíola Cidral e Tales Faria, no UOL News.

"As bases de fato que aconteceram em 2012 não justificam uma ação cautelar com tal repercussão entrando, invadindo a minha casa pessoal para colher provas de um fato que teria acontecido em 2012. Qualquer jurista vai saber que eu estou sendo vítima de uma violência", afirmou.

Embora tenha insistido que não ocupava cargo público à época da obra no Castelão, ele afirmou que houve licitação e que foi escolhido o projeto com menor preço.

"Essa licitação foi feita. E, graças a Deus e à seriedade com que o meu irmão [Cid Gomes], governador na época, se comporta a vida inteira. O Castelão foi decidido pelo menor preço. Portanto, quem ganhou a licitação ganhou com menor preço, R$ 100 milhões abaixo do segundo lugar."

De acordo com ele, os agentes da PF chegaram cedo ao seu apartamento, tocaram inicialmente em um apartamento errado, e acabaram levando dois computadores, um tablet e o seu celular. "Não acharam absolutamente nada, como não achariam porque eu me comporto, sou um homem honrado", completou.

Ele disse que está "preparando representações" contra a operação desta manhã. "Por agora, o que eu preciso fazer é o que todo homem público tem que fazer: ter a humildade de se explicar."

'Processo bolsonarista de manipulação'

Ciro diz acreditar que a Polícia Federal esteja agindo por influência do presidente Jair Bolsonaro (PL). "É um processo bolsonarista de manipulação da Polícia Federal para tentar manchar o meu nome e lançar uma suspeita", disse.

A PF deflagrou hoje de manhã a Operação Colosseum, que apura "fraudes, exigências e pagamentos de propinas a agentes políticos e servidores públicos decorrentes de procedimento de licitação para obras no estádio Castelão". Na época dos fatos investigados, Cid Gomes era o governador do Ceará.

Mais cedo, nas redes sociais, Ciro afirmou que a Polícia Federal "subordinada a Bolsonaro" tenta danificar sua pré-candidatura à Presidência em 2022.

Ao UOL News, Ciro também questionou o fato de a investigação contar com informações obtidas por delação premiada. "O delator diz que nunca me encontrou, que nunca falou comigo. Eu não ocupava cargo público nas datas em que isso aconteceu", argumentou.

"Isso é uma aberração, embora eu ache que qualquer homem público tem o dever de se explicar. Nunca, em 40 anos de vida pública, eu passei por esse tipo de acusação. Até os mais agressivos adversários meus sabem que os meus defeitos não passam pela desonestidade e envolvimento com a corrupção."

O UOL entrou em contato com a Secretaria de Comunicação da presidência e com a PF e aguarda posicionamento.

O que diz a investigação da PF

A investigação, que começou em 2017, indica o pagamento de R$ 11 milhões em propinas para que uma determinada empresa ganhasse o processo licitatório da Arena Castelão e, posteriormente, recebesse valores devidos pelo governo do Ceará.

A propina foi paga diretamente em dinheiro ou disfarçada de doação eleitoral, com emissão de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas, segundo a investigação.