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Ciro vê presidente envolvido em operação e manipulação bolsonarista da PF

Herculano Barreto Filho e Beatriz Gomes

Do UOL, em São Paulo

15/12/2021 12h24Atualizada em 15/12/2021 14h31

Ciro Gomes (PDT), pré-candidato à Presidência da República, diz acreditar que a Polícia Federal esteja agindo por influência do presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma investigação por suposto envolvimento dele e de seu irmão, Cid Gomes, em um esquema de fraude e pagamento de propina durante as obras do estádio Castelão, em Fortaleza, entre 2010 e 2013.

"É um processo bolsonarista de manipulação da Polícia Federal para tentar manchar o meu nome e lançar uma suspeita", disse hoje à tarde em entrevista aos jornalistas Fabíola Cidral e Tales Faria, no UOL News.

A PF deflagrou hoje de manhã a Operação Colosseum, que apura "fraudes, exigências e pagamentos de propinas a agentes políticos e servidores públicos decorrentes de procedimento de licitação para obras no estádio Castelão". Na época dos fatos investigados, Cid Gomes (PDT) era o governador do Ceará.

Eu nunca recebi nenhum centavo e tratei de falcatrua, nem de coisa nenhuma, com nenhum brasileiro. Estou desafiando aqui que tenha me apanhado em conversas imoral ou ilegal. Jamais aconteceu"
Ciro Gomes (PDT), pré-candidato à Presidência da República

O pedetista criticou as mudanças em cargos de chefia da Polícia Federal ocorridas no atual governo. Hoje, o diretor-geral da PF é Paulo Maiurino —o quarto a ocupar o cargo na gestão Bolsonaro.

"Estou absolutamente seguro disso [que o Bolsonaro está envolvido]. Eu pensava que estava vivendo em uma democracia com graves imperfeições, mas o Bolsonaro nomeou como diretor-geral da PF um cidadão medíocre que nunca foi superintendente em nenhum lugar do Brasil, por mera cumplicidade e acompadro com os seus filhos ladrões", afirmou Ciro. "Trocaram o superintendente do Ceará, trocaram o delegado desse inquérito e o delegado me arrola como pessoa pública."

O UOL entrou em contato com a Secretaria de Comunicação da Presidência e com a PF e aguarda posicionamento.

Mais cedo, nas redes sociais, Ciro já havia afirmado que a Polícia Federal "subordinada a Bolsonaro" tenta danificar sua pré-candidatura à Presidência em 2022.

Ao UOL News, Ciro também questionou o fato de a investigação contar com informações obtidas por delação premiada. "O delator diz que nunca me encontrou, que nunca falou comigo. Eu não ocupava cargo público nas datas em que isso aconteceu", argumentou.

"Isso é uma aberração, embora eu ache que qualquer homem público tem o dever de se explicar. Nunca, em 40 anos de vida pública, eu passei por esse tipo de acusação. Até os mais agressivos adversários meus sabem que os meus defeitos não passam pela desonestidade e envolvimento com a corrupção", disse.

O que diz a investigação da PF

A investigação, que começou em 2017, indica o pagamento de R$ 11 milhões em propinas para que uma determinada empresa ganhasse o processo licitatório da Arena Castelão e, posteriormente, recebesse valores devidos pelo governo do Ceará.

A propina foi paga diretamente em dinheiro ou disfarçada de doação eleitoral, com emissão de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas, segundo a investigação.