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Fux: 'Em um país onde a imprensa é intimidada, a democracia é uma mentira'

27.abr.2022 - O presidente do STF, ministro Luiz Fux, durante sessão plenária do tribunal - Nelson Jr./SCO/STF
27.abr.2022 - O presidente do STF, ministro Luiz Fux, durante sessão plenária do tribunal Imagem: Nelson Jr./SCO/STF

Colaboração para o UOL*

05/05/2022 15h30Atualizada em 05/05/2022 15h30

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, disse hoje (5) que não há democracia verdadeira nos países em que não há imprensa livre de intimidações e censuras e nos quais haja regulação do trabalho da imprensa.

"Num país onde a imprensa não é livre, num país onde a imprensa é intimidada, num país onde a imprensa é amordaçada, num país onde a imprensa é regulada, sendo a imprensa um dos pilares da democracia, nesse país, com tantas restrições à liberdade de imprensa, a democracia é uma mentira e a Constituição Federal é uma mera folha de papel", afirmou o ministro.

A declaração foi dada no discurso de abertura de uma exposição na sede do STF, em Brasília, intitulada Liberdade e Imprensa - o papel do jornalismo na democracia brasileira. O evento foi pensado como uma homenagem ao Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, lembrado na última terça-feira (3).

A fala do ministro acontece em meio aos ataques que o presidente Jair Bolsonaro (PL) profere contra a imprensa e um conflito aberto entre o Executivo e o STF após a graça (perdão) dada pelo mandatário ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ).

"Devemos ter cuidado com as fake news porque desinformam e impedem, dentre outros aspectos, que o cidadão possa ser bem informado, criar a sua agenda e, acima de tudo, nesse momento em que nós estamos vivendo, proferir aquele seu voto consciente e bem informado no momento das eleições", completou Fux.

Em 2021, Bolsonaro atacou imprensa em 86% das lives

Levantamento da Agência Lupa mostra que o presidente Jair Bolsonaro atacou a imprensa em 86% das lives realizadas em 2021. Levantamento produzido pela agência de checagem localizou ao menos 78 afirmações do presidente criticando veículos de comunicação nas lives.

As falas, basicamente, desvalorizavam o trabalho de jornalistas, indicando que as reportagens produzidas pela imprensa brasileira espalhariam "fake news" e que a mídia não teriam um "compromisso com a verdade". Bolsonaro inclusive dedicou e "parabenizou" os jornalistas no dia 1º de abril, data conhecida como o Dia da Mentira.

Em junho do ano passado, um dos ataques de Bolsonaro foi motivado por uma pergunta da repórter Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada da TV Globo em São José dos Campos (SP), sobre uso de máscaras na pandemia. Ele mandou a jornalista calar a boca e retirou a máscara.

Durante o evento de inauguração do Centro de Tecnologia 4.0, em Sorocaba, no ano passado, o presidente gritou com uma repórter. Ao ser questionado por uma jornalista da CNN Brasil sobre o atraso da compra de vacinas e sobre o contrato com a Covaxin, o presidente gritou e disse que a imprensa faz "perguntas idiotas" e "ridículas".

*Com informações da Agência Brasil