Delegado preso em caso Marielle manda outro bilhete ao STF

O delegado Rivaldo Barbosa, réu pelo assassinato de Marielle Franco, enviou outro recado manuscrito aos ministros do STF, em que nega conhecer os irmãos Brazão e outros acusados do crime.

O que aconteceu

Preso em Brasília, Rivaldo escreveu bilhete no canto de um mandado de citação. O documento serve para que o acusado saiba que está sendo citado em um processo. Diz o texto: "Aos exmos. ministros e a eternidade: 1) eu nunca falei com esses outros denunciados; 2) o inq. 901/00266/19 possui provas técnicas da mentira do assassino da ver. Marielle e motorista Anderson. 3) O STJ há uma decisão que eu não participei da investigação".

Defesa do delegado explicou ao que ele se refere. Ao UOL o advogado Marcelo Ferreira diz que esse inquérito citado pediu a quebra de sigilo de várias figuras da família Brazão —uma prova de que seu cliente não teria tentado impedir o avanço da investigação. A "mentira do assassino" se refere ao depoimento do ex-PM Ronnie Lessa, executor confesso do crime que delatou Rivaldo em acordo de colaboração premiada.

No trecho sobre o STJ, ele se refere ao julgamento sobre a federalização do caso em 2020. Naquela época, os ministros concluíram que a investigação deveria permanecer com a Polícia do Estado do Rio de Janeiro porque o "trabalho foi conduzido de forma correta". Segundo a defesa de Rivaldo, tanto o inquérito quanto essa decisão do STJ não constam nos autos do processo.

Delegado Rivaldo Barbosa mandou recado ao STF no canto de mandado de citação
Delegado Rivaldo Barbosa mandou recado ao STF no canto de mandado de citação Imagem: Reprodução

Este não é o primeiro recado enviado por Rivaldo aos ministros do STF. Em maio, ele escreveu no canto de um mandado de notificação para "pelo amor de Deus" ser ouvido pela Polícia Federal. Poucos dias depois, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, determinou a oitiva do delegado.

Documento em que Rivaldo escreveu faz parte da ação penal contra ele, os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, o ex-PM major Ronald e o ex-assessor Robson Calixto. O processo foi iniciado na última semana, após a Primeira Turma do STF aceitar a denúncia contra eles.

A denúncia acatada pelo STF diz que o assassinato ocorreu a mando dos Brazão e foi planejado pelo delegado Barbosa. Segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), Marielle foi morta devido à atuação dela contra a regularização de terrenos em áreas controladas pela milícia no Rio de Janeiro. O caso está no STF pelo fato de Chiquinho Brazão ser deputado federal e, por isso, ter foro privilegiado .

A acusação contra os réus:

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  • Chiquinho Brazão, deputado federal (sem partido): acusado de homicídio, tentativa de homicídio e organização criminosa;
  • Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro: acusado de homicídio, tentativa de homicídio e organização criminosa;
  • Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio: acusado de homicídio e tentativa de homicídio;
  • Ronald Paulo de Alves, conhecido como Major Ronald, ex-policial militar: acusado de homicídio e tentativa de homicídio;
  • Robson Calixto, ex-assessor de Domingos Brazão: acusado de organização criminosa.

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