Topo

Esse conteúdo é antigo

General da reserva e ex-apoiador diz que Bolsonaro 'reeditou o mensalão'

Do UOL, em São Paulo

04/07/2022 17h14Atualizada em 05/07/2022 08h45

O general da reserva Paulo Chagas, ex-apoiador do governo federal, disse que o presidente Jair Bolsonaro (PL) é "refém da facção política" e que ele "reeditou o 'mensalão do PT'". As afirmações estão em um texto publicado por ele no Facebook ontem com o título "Está na hora de mudar".

"O presidente Jair Bolsonaro, desde o início do seu mandato, vem se fragilizando e sendo fragilizado diante dos outros poderes, em especial do Legislativo, chegando ao ponto de tornar-se refém da facção política comandada pelo apenado Valdemar Costa Neto, o qual, com a lanterna na proa, ilumina o caminho para o retorno do chamado 'presidencialismo de coalizão'", escreveu.

O texto também critica o governo federal dizendo que Bolsonaro foi eleito com discurso contra a corrupção, mas que teria fracassado e "não conseguiu mudar a política como ela tem sido no Brasil no decorrer nos últimos 35 anos". Ele também citou o Orçamento Secreto como equivalente ao "Mensalão do PT".

"Nessas condições, o 'sistema' foi, também aos poucos, aumentando a sua ousadia, chegando ao cúmulo de reeditar o famigerado 'Mensalão do PT' na forma de um sinistro 'Orçamento Secreto' para os amigos do governo", completou.

Chagas também criticou o que chamou de "pacote de bondades" do governo federal ao povo. Para ele, esse caminho visa conseguir votos para Bolsonaro e é "pouco criativo, efêmero e contraditório".

Pouco criativo porque é a repetição da emissão de cheques sem fundos que, pelas mesmas razões, foram oferecidos à população pelos governos populistas que o antecederam. Efêmero porquanto é limitado ao período eleitoral. E contraditório porque desdiz o compromisso assumido em 2018 de não governar com olhos na reeleição
Paulo Chagas, general da reserva

Em junho do ano passado, também em publicação no Facebook, o general disse que a idolatria a Bolsonaro está dividindo militares da reserva. No texto, Chagas afirma que uma parte dos colegas inativos está contaminada por "mitomania" e "pelo culto à personalidade de um homem cuja cultura, militar e acadêmica, não ultrapassa o nível da sola dos seus sapatos" e que não tem compromisso com o Brasil.

"Jair Bolsonaro, a quem eles parecem idolatrar e que tratam como o 'Salvador da Pátria' (como se isso existisse), é a antítese do Soldado", diz o general em seu texto. "Disciplina e hierarquia são coisas que Bolsonaro, quando em seu curto tempo no serviço ativo ou mesmo fora dele, nunca respeitou devidamente ou entendeu a importância", escreveu.

O UOL entrou em contato com o Palácio do Planalto para comentar sobre as afirmações do general Paulo Chagas. O texto será atualizado em caso de manifestação.