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Lula: Bolsonaro faz 'maior distribuição de dinheiro que uma campanha viu'

Do UOL, em São Paulo

09/08/2022 11h23Atualizada em 09/08/2022 14h54

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse hoje (9) que o presidente Jair Bolsonaro (PL) está fazendo a "maior distribuição de dinheiro que uma campanha já viu" com o Auxílio Brasil, que começa a ser pago hoje. Em encontro com empresários na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Lula disse é preciso "ficar atento" porque a medida só vale até dezembro.

Criticar o "uso eleitoreiro" do auxílio, como a campanha tem chamado, faz parte da estratégia de comunicação de Lula —em especial a partir desta semana, quando a quantia de R$ 600 e outros benefícios começam a ser distribuídos. O ex-presidente está acompanhado do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice, e do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), candidato ao governo do estado.

É nesse clima que vamos concorrer a uma eleição, vendo um dos adversários, para não citar nomes, fazendo a maior distribuição de dinheiro que uma campanha política já viu desde o fim do Império. Não se tem conhecimento, não se tem precedentes na história do Brasil de alguém, que faltando 57 dias para as eleições, resolva fazer uma distribuição de R$ 58 bilhões de um benefício que só dura até dezembro."
Lula (PT), em crítica a Bolsonaro na Fiesp

Só até dezembro: Os pagamentos do Auxílio Brasil de R$ 600 e do novo Auxílio-Gás —ou Vale-Gás—, que neste mês será de R$ 110 começam hoje. Também serão pagas as duas primeiras parcelas do Auxílio Caminhoneiro (que totalizam R$ 2.000).

"Me preocupa porque, depois de terminar os benefícios depois de três meses, há de se perguntar se o povo aceitará pacificamente a retirada desses benefícios que está recebendo por causa das eleições", disse Lula. "Isso é muito grave, a sociedade brasileira precisa ficar atenta. O sinal de um comportamento de alguém para ganhar uma eleição não é tranquilo."

Estratégia de campanha para rebater Bolsonaro: A liberação dos fundos, voltados também a caminhoneiros, acendeu um sinal de alerta entre a campanha lulista. O PT avalia que não haverá conversão automática de votos, mas entendem também que, se Bolsonaro conseguir ligar o auxílio a seu nome, pode haver diminuição da rejeição.

Por isso, a campanha deverá focar em duas estratégias: inicialmente, criticar a medida como eleitoreira, como esta fala de Lula e, ao mesmo tempo, reforçar a associação de auxílios e benefícios ao nome de Lula, como sempre foi feito com o Bolsa Família.

Por isso, o partido, que votou a favor do Auxílio Brasil, diz que não só vai continuar a pagar o benefício como pretende retomar o nome Bolsa Família e fortalecê-lo.

O ex-presidente Lula (PT) e seu vice Geraldo Alckmin (PSB) participam de debate com empresários na Fiesp - Tomzé Fonseca/Estadão  - Tomzé Fonseca/Estadão
O ex-presidente Lula (PT) e seu vice Geraldo Alckmin (PSB) participam de debate com empresários na Fiesp
Imagem: Tomzé Fonseca/Estadão

Troféu Alckmin: A união com ex-governador paulista, próximo da entidade durante seus 17 anos no Palácio dos Bandeirantes, foi exibida como troféu pela campanha, seja na fala de Lula quanto na do ex-ministro Aloízio Mercadante (PT), coordenador do plano de governo.

O fato de eu e Alckmin estarmos juntos é uma das grandes novidades políticas desse país. O Alckmin foi meu adversário político em 2006 [eleição presidencial]. Esse jeitão bonzinho dele não foi tão bom na campanha, eu estou com as canelas até agora machucadas mesmo usando tornozeleira. [risos] E eu e ele resolvemos relevar isso ao segundo plano e resolvemos compor uma chapa na perspectiva de consertar esse país."
Lula (PT), sobre Alckmin

Antes de Lula, Alckmin foi amplamente aplaudido pelo empresariado, durante um discurso de dez minutos. Ao ser apresentado pelo presidente da federação, Josué Gomes da Silva, o ex-governador foi definido como alguém "que sempre teve um carinho muito grande pela Fiesp".

"O caminho é o diálogo. Quem ouve mais, erra menos. Estar sintonizado com o setor produtivo, o foco na questão do emprego e renda, que é a obsessão do presidente Lula. Por isso nós estamos juntos. O Brasil precisa. As caneladas ficaram para trás, os olhos têm que estar no futuro e o hit das paradas é Lula com chuchu. É um sucesso absoluto", declarou Alckmin.

Debate com empresários: Lula fala a empresários na sede da Fiesp nesta manhã. Esta é a quarta rodada de debates com presidenciáveis promovidos pela federação.

Já participaram Ciro Gomes (PDT), Luís Felipe D'Ávila (Novo) e Simone Tebet (MDB). Na semana passada, Bolsonaro cancelou a ida em cima da hora e desmarcou um jantar com empresários em São Paulo.