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Sakamoto: Preocupada com o que comer, parte da população está alheia a atos

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/08/2022 13h02

Os atos em defesa da democracia que acontecem pelo país também precisam englobar as pautas relacionadas ao combate à fome e à melhoria da qualidade de vida dos brasileiros, avaliou o colunista Leonardo Sakamoto, durante participação no UOL News.

"Esses atos são um retrato do fundo do poço em que o Brasil está e tentam apontar saídas para a sociedade, tentando articular uma grande aliança do campo democrático contra as forças sombrias do autoritarismo que tentam um golpe contra a democracia do Brasil", disse o jornalista.

Em São Paulo, duas cartas em manifestos foram lidas hoje. Um dos atos foi organizado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) no auditório da Faculdade de Direito da USP, conhecida como São Francisco.

O outro ato aconteceu no Largo Francisco, onde foi feita a leitura da "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de direito", que reúne mais de 900 mil assinaturas.

Para Sakamoto, ambos os eventos são representativos por reunirem grupos sociais distintos em prol de um mesmo objetivo.

"Faz tempo que não se vê tanto homem branco conservador apoiando uma manifestação nesse sentido", disse. "É relevante porque mostra que outros grupos sociais, alguns deles que apoiaram o impeachment e o Bolsonaro, começam a ficar críticos."

Mas o jornalista destacou que as manifestações não representam um "basta" ao presidente da República. "Tem grande parte da elite que está ao lado de Bolsonaro. Não me engano dizendo que é um basta, mas é um movimento importantíssimo".

"E tem que se conectar com outro importante: enquanto uma parte da elite intelectual, jurídica e econômica está dizendo que não aceita um golpe contra a democracia, há uma grande parcela da população que está alheia a esse debate porque está mais preocupada com o que vai comer à noite", acrescentou.

Sakamoto ressaltou que os debates não são excludentes, pois ambos são relevantes para o momento do país.

"Se temos quase 1 milhão de pessoas que assinaram a carta [que defende a democracia], por outro lado, temos 81,3 milhões que ganham até dois salários mínimos, estão sofrendo com a economia e podem se beneficiar com a injeção de dinheiro que o Bolsonaro fez [com a aprovação de auxílios]."

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