Alckmin inicia transição e condena protestos em primeira visita ao Planalto
O novo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), fez hoje a primeira visita ao Palácio do Planalto, sede do Executivo, em Brasília. Em entrevista à imprensa, o ex-governador de SP afirmou que o trabalho da equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), começará efetivamente na próxima segunda-feira (7) —quando o petista retornará da folga pós-eleição.
Além disso, criticou os protestos de apoiadores insatisfeitos com a derrota nas urnas do presidente e postulante à reeleição, Jair Bolsonaro (PL).
Segundo Alckmin, escalado por Lula para coordenar o processo de transição, o bloqueio de rodovias promovido pela militância bolsonarista, no último domingo (30/10), fere "o direito de ir e vir". Na visão dele, é necessário atribuir responsabilidades, pois os protestos geram prejuízos para a população.
"O direito de ir e vir é sagrado. Não é possível impedir as pessoas de se locomover. É grave. Você pode comprometer a saúde das pessoas, o abastecimento, os hospitais, transplante, vacina, alimentação, combustível. Prejuízo!", exclamou ele.
A pergunta é: quem vai pagar esses prejuízos? Quem paga isso? Quem vai ser responsabilizado por esses prejuízos. Uma coisa é manifestação. Outra é limitar o direito de ir e vir das pessoas
Geraldo Alckmin (PSB)
Cumprimentos. Alckmin definiu como "proveitosa e objetiva" a primeira conversa com o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), com o general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, e com uma equipe de assessores do governo Bolsonaro.
O vice eleito afirmou ainda que o general Ramos cumprimentou a equipe de Lula pela vitória e "desejou um ótimo trabalho".
"Nós deveremos começar a partir de segunda-feira da próxima semana. Todo o fluxo de informações foi conversado, vamos encaminhá-la para o ministro Ciro Nogueira, e a transição instalada com objetivo da transparência, planejamento, de continuidade dos serviços prestados à população e que a gente possa, nesse período, ter todas as informações e poder dar continuidade aos serviços e nos prepararmos para a posse."
Oficialmente, serão 50 pessoas com cargos que trabalharão no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) em Brasília a partir da próxima semana. Alckmin não descartou mais nomes, mas como voluntários.
Alckmin destacou que os partidos que apoiaram Lula no 1º e 2º turnos das eleições também integrarão o grupo de trabalho.
Pedidos de 'intervenção federal'. Indagado sobre as manifestações pró-golpe realizadas nesta quarta-feira (2) em favor de Bolsonaro, o ex-governador de São Paulo chamou o movimento de "totalmente despropositado".
"Isso é totalmente despropositado. Tão despropositado que não merece nem comentário."
Transição. Alckmin afirmou que o presidente Lula é o responsável por "comandar todo o processo de transição" e que ele deve colocar a mão na massa já na próxima segunda.
"Ele é o presidente. Ele que comanda todo o processo. Ele tirou uns dias merecidos de descanso, está voltando no domingo e, na segunda-feira, já teremos um conjunto de reuniões de trabalho para poder avançar na transição."
O novo vice-presidente disse ainda que a presidente do PT, Gleisi Hoffman, que o acompanhou na visita ao Planalto, está responsável por negociar com os partidos aliados a composição do novo governo. Questionado se a coalizão poderia incluir siglas de centro e até mesmo de direita, Alckmin disse não descartar a hipótese.
"Poderá, sim, poderá."
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