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OPINIÃO

Tales: Tática de Bolsonaro é esticar a corda para criar clima contra posse

Colaboração para o UOL, em São Paulo

21/11/2022 14h48

Após a derrota nas eleições presidenciais contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) pretende "esticar a corda" para criar um clima contra a posse do petista. O colunista do UOL Tales Faria apurou que Bolsonaro pretende estimular bolsonaristas a protestarem, mas também afirmou que a tática dificilmente terá o resultado desejado pelo atual presidente.

"A estratégia de Bolsonaro é esticar a corda até pelo menos o dia da posse. Ele vai tentar e vai ficar blefando e jogando suspeitas de que pode haver um golpe ou pode não haver. De que os militares estão apoiando e [usando] fake news que a turma bolsonarista embarca também", disse durante participação no UOL News.

"A ideia é esticar essa corda até a posse para criar um clima contra a posse e, na melhor das hipóteses para eles, ter uma série de protestos. É essa a estratégia dele e, para ele, se resultasse em golpe seria ótimo", completou.

Apesar da estratégia adotada por Bolsonaro, Tales avaliou que há chances quase nulas para que a estratégia seja bem-sucedida. Ele ainda afirmou que essa atitude do atual presidente apenas faz mal ao Brasil.

"Não há na sociedade essa possibilidade [de golpe]. Não há espaço para isso nem aqui dentro e nem internacionalmente e os militares sabem disso. Bolsonaro está dando corda para maluco e os malucos estão aí na rua fazendo essa bobajada", finalizou.

Dal Piva: Equipe de transição de Lula faz 'radiografia do desmonte' dos direitos humanos sob Damares

A colunista do UOL Juliana Dal Piva afirmou que a equipe de transição de Lula identificou um desmonte do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos sob a gestão de Damares Alves e que serão feitas reuniões com entidades da sociedade civil para que seja definido o caminho a ser tomado a partir de 2023.

"Ainda não se tem ideia do desmonte, mas eles começaram a analisar na sexta-feira (18) os dados e uma coisa que é clara dentro do Ministério é que teve uma execução muito baixa ao longo desses últimos quatro anos em todo o período que a Damares foi ministra da área", afirmou.

Dal Piva ainda falou sobre a queda de investimentos nas áreas de igualdade social e de política para mulheres, e apurou que acontecerão reuniões nos próximos dias para definir as prioridades do novo governo.

"Eles querem traçar um diagnóstico para ver como está e também vão fazer encontros com entidades da sociedade civil nos próximos dias para ouvir das entidades o que aconteceu, o que está falando e o que é mais urgente", finalizou.

Monica de Bolle: Bolsonaro faz paródia de Trump após derrota nas eleições

"Eu vejo [Bolsonaro como] uma paródia [de Donald Trump]. É uma paródia porque para quem viveu aqui [nos Estados Unidos] nos últimos anos, para quem viveu os anos Trump e viu a transição de poder entre Trump e Biden, transição que nunca ocorreu na verdade porque não houve sequer uma admissão de derrota, tal qual o presidente Bolsonaro imita agora no Brasil. É tudo uma espécie de paródia de coisas já vistas", afirmou a economista e pesquisadora Monica de Bolle durante participação no UOL News.

Ela ainda avaliou que uma manifestação semelhante à invasão no Capitólio que aconteceu nos Estados Unidos e foi incentivada por Trump é praticamente impossível de acontecer no Brasil e também relembrou que os próprios militares brasileiros fizeram uma auditoria nas urnas.

"Já fizeram auditoria nas urnas, inclusive o Ministério da Defesa que não foi solicitado para fazer apresentou um relatório que não tem qualquer tipo de evidência de que tenha ocorrido qualquer coisa que ilegitime as eleições. É uma tentativa de desespero e ele [Bolsonaro] pode judicializar o quanto quiser, mas só vai estar fazendo mal ao país nesse processo".

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