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Não é razoável ministro carregar presentes sem saber destino, diz advogada

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/03/2023 19h20Atualizada em 13/03/2023 21h21

A defesa do ex-ministro Bento Albuquerque solicitou a íntegra do vídeo da inspeção da Receita Federal do dia em que a comitiva tentou entrar com joias avaliadas em R$ 16,5 milhões no aeroporto de Guarulhos. O argumento é de que o vídeo demonstraria que Albuquerque "realmente foi surpreendido".

Em entrevista durante o UOL News da noite de hoje, a professora de Direito da FGV Eloísa Machado afirmou que independentemente de provas, um ministro de estado não deve carregar presentes sem saber o destino.

Independentemente das provas que serão produzidas em uma investigação, desde já é possível afirmar que não é razoável um ministro de Estado se prestar a carregar encomendas e presentes sem saber a sua real destinação, sem seguir os ritos necessários para de fato a incorporação desses bens pelo estado brasileiro".
Eloísa Machado, professora da FGV

Eloísa ainda afirmou que o fato demonstra como havia uma grande mistura entre o público e o privado no governo Bolsonaro, "uma usurpação da função do Estado em benefício próprio"

As noticias de que algumas joias passaram e outras não nos levantam alerta de que talvez essa missões de representantes do ex-governo Bolsonaro tenham servido para trazer presentes e bens de toda ordem sem a devida atenção aos tramites necessários. E a gente não pode minorar a importância disso."
Eloísa Machado, professora da FGV

Bolsonarismo assume para si o 'rouba, mas faz' de Maluf, diz Leonardo Sakamoto

O colunista do UOL Leonardo Sakamoto afirmou durante participação no UOL News que o bolsonarismo assumiu a expressão "rouba, mas faz" para si, ao comentar sobre textos de apoiadores do presidente que tentam minimizar o caso das joias.

As mensagens citadas por Sakamoto afirmavam que ninguém se importa com o caso das joias, mas sim com o preço da gasolina, que voltou a subir.

Ou seja, isso é muito interessante porque estão querendo dizer que a gasolina subiu por conta do governo Lula, lembrando que o governo Bolsonaro tinha baixado a gasolina de uma forma irreal só para a eleição, depois a gasolina teve que subir.

Interessante que, com essa justificativa, não importa que Bolsonaro ficou com as joias, o que importa é que a gasolina era mais barata, o bolsonarismo está assumindo para si o 'rouba, mas faz', de Paulo Maluf. Imaginava que isso aconteceria um dia, mais cedo ou mais tarde eles iriam cair nesse sincericídio, e é o que acabou acontecendo."
Leonardo Sakamoto

Sakamoto: Reunião com chefe da Receita prova que, se pudesse, Bolsonaro implementaria governo fascista

Leonardo Sakamoto também falou a respeito da notícia de que o então chefe da Receita Federal foi ao Palácio do Planalto na véspera de iniciar uma devassa ilegal em dados sigilosos de desafetos de Jair Bolsonaro, em 2019.

Para Sakamoto, essa reunião é mais uma prova de que, se pudesse, Bolsonaro implementaria um governo fascista em um possível segundo mandato.

Isso é característica de um governo fascista, um governo com traços fascistas, características fascistas, em que ele utilizava sua estrutura de inteligência, sua estrutura policial, utilizava sua estrutura econômica para rastrear, intimidar aquelas pessoas que ele considerava como opositoras."

Sakamoto ainda afirmou que Jair Bolsonaro não buscava mover uma ação na Justiça quando tinha algo contra alguma pessoa, mas sim a justiça pelas próprias mãos.

Ele preferia utilizar as informações do Estado, que não lhe pertencem, pertencem ao Estado brasileiro, para atacar essas pessoas, jornalistas, políticos, pessoas com as quais ele não concordava."

"Ele não poderia fazer isso, mas ele fez. Porque ele não queria o caminho da justiça, ele queria o justiçamento", finalizou.

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