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Ex-ministro pede íntegra de vídeo e dirá à PF que não sabia das joias

Carla Araújo e Aguirre Talento

Colunistas do UOL, em Brasília

13/03/2023 17h06Atualizada em 13/03/2023 19h58

A defesa do ex-ministro Bento Albuquerque solicitou a integra do vídeo da inspeção na Receita Federal no dia em que a comitiva brasileira tentou entrar no aeroporto de Guarulhos (SP) com joias recebidas pela Arábia Saudita avaliadas em R$ 16,5 milhões.

O argumento é que a abordagem durou cerca de duas horas e que a integra da conversa do ex-ministro com autoridades da Receita demonstraria que ele "realmente foi surpreendido". Os trechos dos vídeos divulgados pela TV Globo, na avaliação da defesa do ministro, já mostram que ele não teria conhecimento do valor da carga.

Apesar disso, a defesa de Bento diz que o restante da conversa poderia derrubar a tese da "carteirada", já que o então ministro teria dito aos membros da Receita que eles tinham que fazer "o que era certo". Ou seja, que ele não teria tentado evitar o confisco dos presentes.

Segundo apurou o UOL, o ex-auxiliar de Bolsonaro sustentará a versão de que não sabia que os presentes recebidos eram joias e, muito menos, de valor tão elevado.

Presente pra Michelle foi "suposição"

Bento também deve dizer que a declaração dada na inspeção de que o conjunto de joias seria para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro foi apenas uma suposição, por se tratar de um conjunto com colares e brincos.

Segundo a defesa, Bento "deduziu" que se tratada de um presente para a Michelle já que a versão que ele sustentará é que pegou o pacote como um "presente ao estado brasileiro".

Em relação ao ofício que Bento encaminhou aos árabes agradecendo os presentes, sem mencionar o fato de que parte deles havia sido apreendido, a linha da defesa será de que a correspondência foi meramente protocolar.

Além disso, a ideia é defender que o fato de as joias estarem com a Receita não mudaria o conceito de que elas estão de posse do governo brasileiro.

Militares estranham tese de Almirante

Alguns militares de alta patente ouvidos pelo UOL fazem questão de destacar a presunção da inocência, mas reconhecem não ser usual um Almirante ou qualquer outro oficial com um cargo elevado transportar pacotes sem o conhecimento do que se trata.

Na avaliação deles, é muito difícil que Bento de fato não soubesse o conteúdo das caixas e que é ainda mais estranho ele ter passado pela alfândega na fila do "nada a declarar".