Bolsonaro deixa motociatas de lado em viagens pelo Brasil
As viagens de Jair Bolsonaro (PL) pelo Brasil começam neste feriadão, numa feira no interior de São Paulo, mas sem motociatas. Não por falta de vontade do ex-presidente, mas a logística fica complicada sem o uso da máquina pública.
O que aconteceu
Bolsonaro manifestou o interesse em retomar as motociatas. Os eventos são uma marca do ex-presidente, realizados enquanto ele ocupava o cargo máximo do Executivo e intensificados durante a corrida presidencial.
Apesar disso, o formato não tem simpatia de parte dos aliados de Bolsonaro. Ao final das discussões, a opinião deste grupo prevaleceu.
Os argumentos que pesaram na decisão
A necessidade de mobilizar um contingente de forças de segurança foi contemplada. Os custos dessa operação ficariam a cargo do PL, agora sem a faixa presidencial.
O grande número de infrações de trânsito que poderiam ocorrer também foi levantado. O próprio Bolsonaro não usava capacete, comportamento copiado por muitos participantes. Andar em cima da calçada também era comum.
A avaliação é que, com Lula no Planalto e Flávio Dino no Ministério da Justiça, as infrações de trânsito não seriam toleradas. Autoridades e apoiadores iriam enfrentar problemas ao participar dos eventos.
O terceiro argumento contra foi o estigma da derrota das eleições. A intenção de agora é que as aparições de Bolsonaro tenham os ares renovados para a nova rodada de viagens pelo país. Motociatas foram colocadas na geladeira —pelo menos por enquanto.
O que os interlocutores de Bolsonaro não comentaram é que as motociatas estão vinculadas a um episódio de desgaste para o ex-presidente: o uso do cartão corporativo para pagar despesas de campanha. Ele bancou ao menos 21.447 lanches em viagens de campanha para reeleição, incluindo motociatas.
Foram constatados gastos de R$ 754 mil. O dinheiro público pagou por centenas de kits-lanche destinados a militares e policiais escalados para dar apoio de segurança aos atos de campanha de Bolsonaro.
O que dizem os que torcem o nariz para motociatas
Há também a leitura de que as motociatas são um "evento de homem, que afasta o público feminino e reforça a imagem de bronco de Bolsonaro".
Durante a campanha, esse grupo de aliados dizia que o formato não trazia votos, porque só participavam eleitores que já apoiavam Bolsonaro. Além disso, tinha o efeito de prejudicar a imagem de Bolsonaro com as mulheres.
A então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, evitava acompanhar o marido em viagens de campanha que incluíam motociatas, justamente por entender que eram eventos masculinos. A situação ainda afastava a principal cabo eleitoral de Bolsonaro.
O que dizem os defensores dos atos com moto
Mas o formato também teve defensores, já que reunia centenas de pessoas e era bastante ruidoso. A consequência era toda a população local saber que o ex-presidente estava na área.
As imagens obtidas com as motociatas eram consideradas preciosas para as redes sociais. Uma aglomeração de apoiadores usando verde e amarelo resultava em vídeos e fotos que eram usadas no Instagram e grupos de WhatsApp e Telegram.
Preparação para 2026
As bandeiras de Bolsonaro serão a parte principal da mensagem nas viagens pelo Brasil. A intenção é começar aglutinar eleitores e políticos que apoiam o ex-presidente e assim organizar a direita.
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) afirmou que a mensagem de Bolsonaro é que a direita não morreu só porque perdeu a eleição. O primeiro objetivo será eleger vereadores e prefeitos alinhados ao bolsonarismo.
Estas pessoas com cargo público servirão de base para eleição de deputados estaduais, federais e senadores em 2026.
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