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Governo nega reforma ministerial e diz que Daniela é caso particular

Do UOL, em Brasília

12/06/2023 18h58

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), negaram que haja planos de reforma ministerial no governo Lula (PT), mas não descartaram a saída de Daniela Carneiro (Turismo).

O que aconteceu?

Lula convocou uma reunião ministerial junto a lideranças no Congresso hoje para alinhar a relação do governo com o Legislativo. Na pauta, foram discutidos em especial a votação do arcabouço fiscal no Senado e a situação de Daniela, que não tem mais o apoio do União Brasil para ficar na pasta.

Tanto Padilha quanto Jaques desconversaram sobre mudanças em outros ministérios, mas não negaram que a saída da deputada possa ocorrer. Fontes junto ao Planalto dizem que o centrão tem pressionado por pastas maiores, como Saúde.

Segundo o líder do governo no Senado, isso se trata de uma "situação particular" no União Brasil. O partido passou a defender o nome do deputado Celso Sabino (União-PA) quando a ministra anunciou a intenção de deixar a legenda.

Deputada mais votada no Rio em 2022, ela foi uma das principais apoiadoras do petista no estado junto ao marido Waguinho (União Brasil), prefeito de Belford Roxo (RJ).

Não há uma discussão de reforma ministerial nesse momento. Eu acho que as pessoas estão tomando as coisas erradamente. O que há é uma divergência interna em um partido da base, e não na base, que é o fato de que a pessoa que representa o União Brasil em determinada pasta está no movimento de se retirar do partido.
Jaques Wagner, líder do governo no Senado

"Há uma naturalidade do debate. As outras [possíveis mudanças] são desejos, vontades, e não acho que com cinco ou seis meses [o governo] vá fazer reforma ministerial. Estão pegando uma coisa que tem muita particularidade e tentando transpor para outras", completou o senador, homem de confiança de Lula.

O partido União Brasil vem apresentando um desejo de reformulação da sua representação dos três ministros indicados. Isso é absolutamente natural. Está na pauta discutir com o União Brasil essa reformulação.
Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais

Não é só pela vaga

A situação de Daniela no governo ficou mais delicada desde que ela anunciou deixar a legenda para se filiar ao Republicanos. O partido, que indicou ainda os nomes de Comunicações e Desenvolvimento Regional, passou a reivindicar a pasta.

Isso deixou o governo em uma sinuca de bico. De um lado, conta com votos do União Brasil na já delicada relação no Congresso, onde não tem maioria; de outro, Daniela e Waguinho foram essenciais para uma melhora do PT no Rio, reduto bolsonarista.

Na semana passada, Waguinho veio a Brasília para conversar com Lula. Ele reafirmou o compromisso junto ao governo e cobrou a conta do apoio durante a eleição, algo que tem feito publicamente.

Tanto Waguinho quanto Daniela foram extremamente corajosos, num ambiente bastante contrário, de sustentar a campanha do presidente Lula. A gratidão do presidente Lula é total. Agora, tem um drama dentro do partido deles, eles que têm de administrar.
Jaques Wagner, líder do governo no Senado

Além disso, aliados argumentam que a troca da ministra poderia ajudar nas votações do Congresso. Partido do centrão, o União não tem entregado o número de votos que o governo considera ideal, mas também entende que, sem ele, a situação fica ainda mais complicada.