Doria anuncia mudança para Palácio após ameaças de 'extremistas'
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou hoje que se mudará para o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, localizado no bairro do Morumbi, depois de sofrer ameaças de "extremistas", segundo ele.
Em comunicado enviado à imprensa, Doria diz que "o negacionismo na pandemia deixou de ser um delírio das redes sociais" e "está se tornando algo muito mais perigoso para a vida, a ciência e a democracia: uma seita intolerante e autoritária".
O governador afirma que tem enfrentado os seguidores daquilo que ele classifica como "seita" através de "inquéritos policiais e ações judiciais", além de "medidas sanitárias e vacinas, instrumentos da lei e da razão".
"O fanatismo ideológico, porém, ignora a racionalidade e a legalidade. Ele tem ultrapassado os limites do embate político e do questionamento técnico com ameaças à segurança da minha família e agressivas manifestações na porta da minha residência, perturbando o bairro e vizinhos", justifica. (Leia o comunicado, na íntegra, abaixo)
Nas últimas semanas, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), tido como seu principal inimigo político, têm intensificado cada vez mais manifestações contra o governador próximo a sua residência.
No dia 19, por exemplo, utilizando caixas de som tocando músicas a favor de Bolsonaro, bandeiras do Brasil e cartazes dizendo "Fora Doria", o grupo se concentrou na Avenida Europa, a um quarteirão de distância da casa do tucano. Foi o terceiro ato contra Doria em duas semanas.
Policiais do Batalhão de Choque e um forte efetivo da PM estavam no local.
Grupos ligados ao presidente vêm pedindo a saída do governador diante das medidas tomadas por Doria para tentar conter a propagação do coronavírus, que deixa os sistemas de saúde públicos e privados do estado na iminência do colapso. O presidente é contra o fechamento do comércio.
A inteligência da polícia paulista identificou, entre manifestantes contrários ao governador, ameaças de morte contra Doria, daí o emprego das equipes para a proteção de Doria. No protesto, um dos manifestantes chegou a gritar "tem que morrer" quando outros dos participantes do ato gritaram "fora, Doria".
Leia comunicado na íntegra
O negacionismo na pandemia deixou de ser um delírio das redes sociais, provocado pela paixão política, e está se tornando algo muito mais perigoso para a vida, a ciência e a democracia: uma seita intolerante e autoritária.
Tenho enfrentado os seguidores dessa seita com inquéritos policiais e ações judiciais, com medidas sanitárias e vacinas, instrumentos da lei e da razão.
O fanatismo ideológico, porém, ignora a racionalidade e a legalidade. Ele tem ultrapassado os limites do embate político e do questionamento técnico com ameaças à segurança da minha família e agressivas manifestações na porta da minha residência, perturbando o bairro e vizinhos.
Diante do radicalismo, decidi me mudar para o Palácio dos Bandeirantes. Ao menos, temporariamente.
Regredimos a tempos obscuros em que a integridade física daqueles que defendem a vida e a democracia está sob ameaça.
Vivi esse mesmo sentimento quando acompanhei meu pai no exílio, um democrata cassado pela ditadura. Dessa vez, no entanto, não haverá exílio, nem ditadura. Haverá ciência, vacinas, vidas salvas e democracia.
Meu desprezo por estes extremistas que ameaçam a mim, a minha família e ameaçam pessoas que defendem a vida. É uma decisão difícil, mas necessária nesse momento de muita intolerância ao pensamento contraditório, de belicismo verborrágico e de cegueira ideológica.
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