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Deputado é acusado de violência política de gênero contra Erika Hilton

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

11/07/2023 12h48Atualizada em 11/07/2023 15h12

O deputado Abílio Brunini (PL) foi acusado de violência política de gênero contra a deputada Erika Hilton (PSOL) durante sessão da CPMI dos atos golpistas.

O que aconteceu

A deputada Duda Salabert prestou solidariedade à colega: alarmante saber que a todo momento que uma travesti ocupa um espaço de destaque, ou é recebida com violência politica, tentativa de silenciamento, ou é objeto de chacota", disse.

Antes de ser interrompida por Brunini, Erika disse: "Toda sessão o deputado [Brunini] atrapalha os trabalhos da CPMI, causa tumulto. Eu aconselharia que o deputado procurasse tratar sua carência em outro espaço".

Segundo parlamentares que estavam perto de Brunini, quando Erika disse que Brunini estava "carente", o deputado disse: "Por que, tá precisando de serviço?". Na avaliação desses congressistas, tratou-se de uma insinuação de que ela queria se prostituir. No momento, o microfone do deputado estava fechado e apenas pessoas próximas o escutaram.

Para Erika, "o deputado fez uma associação preconceituosa e discriminatória" ao dizer que ela "estava ofertando os seus serviços". "[Essa associação] muito provavelmente deve estar formada no imagético da população tem de travestis e transexuais. O que é criminoso, desrespeitoso, violento, não está dentro do âmbito da CPI e que não tem nenhuma correlação com aquilo que foi dito por mim", disse a deputada, que afirmou, porém, não ter ouvido o ataque do colega e que aguardará a liberação das imagens.

O senador Rogério Carvalho (PT) chamou o comentário de homofóbico. Carvalho estava sentado na frente do deputado bolsonarista.

Brunini riu das acusações e, questionado pelo presidente da CPMI, Arthur Maia (União), negou qualquer tipo de ofensa. A polícia parlamentar vai investigar as filmagens e Brunini poderá ser punido.

Minutos depois, Erika tentou retomar sua fala, mas foi interrompida novamente por gritos de André Fernandes (PL). Maia se irritou e ameaçou expulsar o deputado. "Se continuar assim, vou ter que tomar providências. Não vou aceitar que qualquer parlamentar tente desmoralizar o trabalho da presidência".

Brunini diz que vai denunciar o senador Rogério Carvalho ao Conselho de Ética por denunciação caluniosa. "Ele me acusou de homofobia sem eu nem ter entrado na questão com a Erika. Eu não toquei no nome dela, ela me atacou gratuitamente, falou que eu estava precisando de algum tipo de carência e eu só ri".

O deputado ainda acusou colegas de esquerda de terem editado vídeos para colocarem nas redes sociais: "Não admito homofobia", disse, garantindo ainda que não tem uma palavra dele de ataque à Erika e que não dirigiu nenhuma palavra a ela por questão de gênero.

O senhor Abílio fez uma fala homofóbica quando a companheira estava se manifestando. Ele disse que ela estava oferecendo serviços. Isso é homofobia e desrespeito e peça para o deputado se retirar.
Senador Rogério Carvalho

Eu não ouvi, mas outros deputados estão falando que ouviram Abílio. Vamos fazer investigação vendo as filmagens. Se falou, vai ter leitura labial e obviamente se agiu dessa forma vai ter penalidade.
Presidente da CPMI, Arthur Maia

Lamentável o que ocorreu durante o trabalho da CPMI. A base de Bolsonaro estava bastante raivosa.
Deputada Erika Hilton ao UOL

Tem que ter investigação até para eu poder denunciar o senador [Rogério Carvalho] por denunciação caluniosa. Isso é importante. Eu falei com o pessoal da transcrição sobre ter aparecido a suposta ofensa no áudio, responderam que não apareceu nada. Mas a polícia do legislativo pode fazer a leitura labial.
Deputado Abílio Brunini

Nas redes sociais, parlamentares saíram em defesa da deputada Erika Hilton:

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