Jean Wyllys ataca Eduardo Leite por escola cívico-militar, e tucano reage
Do UOL*, em São Paulo
14/07/2023 22h42Atualizada em 15/07/2023 12h28
O ex-deputado federal Jean Wyllys (PT) e o governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) discutiram pelas redes sociais sobre a manutenção de escolas cívico-militares, modelo educacional encerrado pelo governo Lula esta semana.
O que aconteceu:
Wyllys chamou Leite de "gay com homofobia internalizada" ao criticá-lo após anúncio de que ele manteria o sistema de ensino cívico-militar no Rio Grande do Sul, contrariando decisão do Ministério da Educação.
O governador rebateu a mensagem de Wyllys nas redes sociais: "manifestação deprimente. Lamento sua ignorância".
Que governadores héteros de direita e extrema direita fizessem isso já era esperado. Mas de um gay...? Se bem que gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes; se for branco e rico então... Tá feio, 'bee' (gíria para homem homossexual).
Jean Wyllys, ex-deputado federal
Manifestação deprimente e cheia de preconceitos em incontáveis direções? e que em nada contribui para construir uma sociedade com mais respeito e tolerância. Jean Wyllys, eu lamento a sua ignorância.
Eduardo Leite, governador do RS
Volta pouco pacífica
No começo de julho, o ex-deputado voltou ao Brasil. Ele passou quatro anos morando no exterior devido a ameaças de morte que sofreu. Embora tenha sido reeleito para o seu terceiro mandato, em janeiro de 2019, nas primeiras semanas do governo de Jair Bolsonaro (PL), ele desistiu de tomar posse.
Acolhido pela primeira-dama Janja Lula da Silva, o ex-deputado, que é jornalista de formação, disse que ganharia um cargo na Secom (Secretaria de Comunicação) da Presidência. A nomeação prometida seria assessor no planejamento de comunicação do governo, para trabalhar diretamente com o ministro da pasta, Paulo Pimenta.
O UOL procurou o ex-deputado e o governador para que se pronunciassem sobre o assunto, que virou um dos assuntos mais comentados na rede de microblogs Twitter na noite desta sexta. Jean Wyllys respondeu dizendo que não falaria mais sobre o assunto. A assessoria de Eduardo Leite informou que a posição dele "é a que está no tuíte mesmo".
Manifestação deprimente e cheia de preconceitos em incontáveis direções? e que em nada contribui para construir uma sociedade com mais respeito e tolerância. @jeanwyllys_real, eu lamento a sua ignorância. pic.twitter.com/AuBpKRst8N
-- Eduardo Leite (@EduardoLeite_) July 14, 2023
Entenda o caso das escolas cívico-militar
Nesta semana, o MEC (Ministério da Educação) argumentou que o Pecim (Programa de Escolas Cívico-Militares) "induz o desvio de finalidade das atividades das Forças Armadas". Essa foi uma das justificativas usadas pelo governo Lula (PT) para dar fim ao projeto federal.
O MEC enviou um documento aos secretários de Educação para informar sobre o fim do programa. As escolas devem ser reintegradas ao formato regular, mas há estados, como anunciado por Leite, que planejam incluir as unidades em projetos locais.
A pasta inclui ao menos quatro justificativas para descontinuidade do programa criado por Jair Bolsonaro (PL). Entre elas está a atuação dos militares, segundo a análise feita pelo MEC, à qual o UOL teve acesso.
Alocar militares das Forças Armadas para atividades de apoio, assessoramento ou suporte à gestão escolar, à gestão didático-pedagógica ou à mediação das questões de indisciplina na escola é um flagrante desvio de sua finalidade enquanto estrutura de Estado.
Nota técnica do MEC
O que são as escolas cívico-militares
O formato de escola cívico-militar existe no país desde os anos 1990. No âmbito estadual e municipal, a gestão é compartilhada entre as secretarias de Educação e as de Segurança Pública.
No governo Bolsonaro, esse modelo foi turbinado e, atualmente, mais de 200 escolas públicas fazem parte do Pecim. O ex-presidente criou uma secretaria dentro do MEC para o programa com orçamento e equipe próprios. O formato foi promessa de campanha em 2018.
Reportagem do UOL mostrou que professores criticaram a medida e relataram casos de alunos que foram para delegacia e censura dentro da sala de aula.
(*Com Estadão Conteúdo)