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Nísia sobre rumores de saída da Saúde: 'Não me senti insegura, mas exposta'

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou em entrevista ao UOL News desta sexta-feira (14) que o machismo atrapalha a atuação das mulheres no governo e admite que conviveu com essa realidade ao longo da carreira.

Questionada sobre a fala do presidente Lula (PT) na tarde de hoje, na qual ele afirmou que vai manter a ministra à frente da pasta, ela destacou que, em geral, as ministras (e até mesmo a primeira-dama, Janja) são "expostas" no governo.

Não estava me sentindo insegura, apesar de não ser cômoda a situação de uma exposição, acrescento a isso o fato da questão de gênero, que, sem dúvida, conta na forma como, não só eu, mas minhas colegas mulheres dos ministérios, somos expostas de uma maneira, ao meu ver, indevida nessa comunicação em torno de possíveis saídas do ministério.
Nísia Trindade

"É difícil para nós, mulheres, realmente firmarmos essas conquistas. Ao mesmo tempo, eu sinto a possibilidade de realizar um trabalho. E se a avaliação se dá pelo desempenho, por cumprir essa missão, eu só posso me sentir desafiada, com mais responsabilidade, mas também feliz", finalizou.

"Desprestígio da Saúde e baixa imunização são impactos do negacionismo de Bolsonaro"

A ministra da Saúde também falou a respeito da baixa procura por vacinas após o momento mais dramático da pandemia da covid-19 e citou um "desprestígio" do ministério da Saúde após os embates e trocas de ministros durante a última gestão. Segundo Nísia, esses dois fatores foram influenciados pelo negacionismo de Jair Bolsonaro.

Um dos impactos que é menos visível é o desprestígio do próprio Ministério da Saúde no que tem que fazer, que é coordenar as ações. Para isso, o SUS foi aprovado para ter gestão interpartite, que significa que os gestores estaduais e municipais têm de estar coparticipando. Isso tinha sido perdido no governo anterior.

Nísia também criticou a ação do governo anterior com relação às campanhas de vacinação.

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Diretamente ligado ao negacionismo é o impacto na vacinação. Não é o único fator, mas é um fator fundamental, especialmente para vacinação de covid-19. Fizemos um esforço enorme para aquisição de doses adicionais da vacina covid bivalente, e é a vacinação que nós temos hoje a maior dificuldade de ampliar a cobertura.

Sakamoto: Após críticas a Bolsonaro, seria contraditório Lula entregar Saúde para o Centrão

O colunista do UOL Leonardo Sakamoto também falou a respeito do apoio de Lula a Nísia Trindade. Segundo o colunista, seria contraditório o presidente entregar a Saúde para o Centrão.

Seria um grande contrassenso do governo Lula. O presidente Lula, que foi eleito criticando o comportamento negacionista, o avesso à ciência de Jair Bolsonaro, se ele entregasse o Ministério da Saúde, dentro de uma negociação política, para o Centrão. Mesmo que tenha uma necessidade de governabilidade.
Leonardo Sakamoto

Sakamoto ainda afirmou que a pandemia deixou muito clara a importância da Saúde no Brasil. "Entre as demandas da população, a Saúde está sempre entre a primeira ou a segunda demanda. Então a Saúde tem que ficar na mão de especialistas, de pessoas extremamente dedicadas a essa área e que comprovaram que têm condições de administrar."

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