PGR pede que cúpula da PM do DF cumpra prisão em lugares diferentes
Do UOL, em São Paulo
28/08/2023 13h10
A PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu que os sete ex-integrantes da cúpula da PM do DF presa preventivamente no último dia 18 cumpra prisão em lugares diferentes.
O que aconteceu
A solicitação foi enviada ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF e responsável pelas ordens de prisão. O pedido foi do coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, o subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos.
PGR quer que militares sejam supervisionados por oficial com mais tempo de trabalho na PM. Outro pedido é para que três dos cinco coronéis, atualmente custodiados no 19º Batalhão de Polícia Militar do DF, fiquem sob a supervisão de outro coronel da PM, com patente de antiguidade superior à dos investigados.
A providência foi solicitada após a Secretaria de Segurança Pública do DF informar que os três denunciados estão sendo supervisionados por um major que, na hierarquia militar, ocupa posição inferior à dos presos.
Para subprocurador, há indícios de que o 19º BPM não tenha "condições para caucionar a disciplina mínima, imprescindível à regularidade da custódia dos denunciados". Na avaliação dele, podem ocorrer "intercorrências de subversão da ordem e disciplina".
'A cobra vai fumar': veja mensagens que embasaram prisões
As mensagens que serviram como base para os mandados do STF que prenderam a cúpula da PM do DF mostram que agentes da corporação trocavam informações de teor golpista e conversavam sobre teorias conspiratórias sobre as urnas eletrônicas.
A operação da PF deflagrada prendeu o atual comandante-geral da PM, coronel Klepter Rosa Gonçalves (que era subcomandante da corporação no 8 de janeiro), e o ex-comandante Fábio Augusto Vieira, que chefiava a Polícia Militar do DF na ocasião.
Também foram detidos o coronel Paulo José Ferreira de Souza Bezerra (estava no Departamento de Operações da PM na época do 8 de janeiro), o coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues e o tenente Rafael Pereira Martins. Outros dois alvos de prisão já estavam detidos: o coronel Jorge Naime e o tenente Flávio Silvestre Alencar.
Em uma conversa com o coronel Marcelo Casimiro, Fábio Augusto Vieira disse que "a cobra vai fumar". Ele falou isso ao responder mensagem com conteúdo falso atribuído a Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, no qual o empresário supostamente fala sobre fraudes nas urnas eletrônicas.
Na sequência, Vieira diz que sua previsão pode se concretizar mesmo que o conteúdo "não seja verdade".
'Manutenção de Bolsonaro no poder'
Em outra mensagem, Marcelo Casimiro enviou a Vieira um quadro "explicativo" sobre três alternativas à sucessão presidencial, citando a aplicação do artigo 142 da Constituição sobre o papel das Forças Armadas, "intervenção militar" ou "intervenção federal" com iniciativa militar.
No texto, uma parte fala em "manutenção de Bolsonaro no poder".
No 2 de novembro do ano passado, Casimiro informou Jorge Eduardo Barreto Naime, então chefe do Departamento de Operações da PM do DF, que o fluxo de pessoas aumentou no Setor Militar Urbano, em frente ao QG do Exército.
Após receber vídeos dessas movimentações, Naime se referiu aos homens do Exército como "melancias", termo usado frequentemente por membros das Forças para criticar oficiais que eles avaliam serem de esquerda. A palavra faz referência à expressão: "verde por fora e vermelho por dentro".
Depois do resultado das eleições que deram vitória a Lula, o major Flávio Silvestre de Alencar disse, em resposta a uma perspectiva de uma possível inelegibilidade de Bolsonaro, que seria "ilusão acreditar em eleições limpas".
Em resposta, um oficial identificado como Márcio Gomes afirmou que o STF "minaria" a oposição e que a "única chance" seria Bolsonaro, com o apoio das Forças Armadas, frear "desmandos" da Suprema Corte e "restabelecer a ordem".
Em mais uma conversa, oficiais criticam as Forças Armadas por não aderirem a um golpe de Estado, com exceção da Marinha, e o major Flávio Alencar diz que membros da reserva do Exército Brasileiro estariam "envergonhados demais" diante da ausência de um movimento golpista.