Relatora: CPI precisa saber se dinheiro das joias foi para 8 de janeiro

A relatora da CPI que apura os atos golpistas de 8 de janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), foi questionada durante entrevista ao UOL News desta segunda-feira (28) a respeito de uma possível convocação do general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) Mauro Barbosa Cid, para depor.

Eliziane, que é a favor da convocação, explicou que o objetivo é entender se o dinheiro envolvido no escândalo das joias irrigou o ato golpista. Lourena Cid aparece no reflexo de uma foto usada para negociar esculturas recebidas como presente oficial.

"Especificamente em relação ao Lourena Cid, eu fiz um pedido de quebra de sigilos que ainda não foi apreciado na comissão. Há uma disposição de ouvi-lo porque o caso especifico da família Cid é acerca da movimentação financeira, dos recursos no entorno das joias", disse a relatora.

A gente não vai fazer um aprofundamento na questão das joias, mas precisamos investigar e entender se o dinheiro dessa negociação, de alguma forma, veio para o 8 de janeiro, irrigou o 8 de janeiro.

Relatora da CPI cita 'verniz militar' no 8/1 e nega pressão das Forças Armadas

Eliziane Gama também falou sobre um possível envolvimento de militares durante os atos de 8 de janeiro. Segundo ela, elementos mostram que houve um "verniz militarizado" nos atos.

A gente sabe que a própria composição do acampamento estava ali, no espaço do quartel, estavam ocupando o espaço e o perfil da forma como se teve acesso à Praça dos Três Poderes, elementos que utilizaram para quebrar, invadir e criar toda essa situação de caos veio claramente com o verniz militarizado.

"Não há dúvida que houve uma orientação, digamos assim, militarizada para esses manifestantes. A forma como chamaram, sempre colocando de forma muito clara a presença de pessoas que tinham a expertise para essa área especificamente e também com uso de armas. A gente precisa de fato chegar a essas pessoas e a CPMI fará", afirmou.

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A relatora da CPI também negou que haja pressão das Forças Armadas para aliviar as punições de envolvidos nos atos.

O militar que eventualmente participou, contribuiu, deverá de fato ser responsabilizado. E essa é a uma meta, esse é um posicionamento que faremos aqui na apresentação de nosso relatório final.

CPI do 8/1 não precisa ouvir Bolsonaro para indiciá-lo, diz Eliziane Gama

Para a relatora da CPI do 8/1, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) poderá ser indiciado mesmo se não for convocado para depor. Questionada se Bolsonaro será chamado para falar na comissão, ela afirmou que ainda não há decisão tomada sobre isso.

Mas é bom lembrar que uma investigação ocorre com depoimentos e provas materiais. A gente pode ter elementos através de provas, quebras de sigilo e ter elementos suficientes para fazer indiciamento, como também da mesma forma com depoimentos, mesmo não sendo dele, mas de outras pessoas de fato que estão em seu entorno.

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"Não significa que, obrigatoriamente, ele precisa ser ouvido de fato pela CPMI [para ser indiciado]", completou.

A senadora ainda citou os desdobramentos do ataque ao Capitólio, nos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021.

"Te dou um exemplo: o comitê de investigação do Congresso Nacional dos EUA, que investigou o 6 de janeiro, não ouviu o [ex-presidente norte-americano Donald] Trump. Mas saiu o indiciamento do Trump a partir dos vários depoimentos que receberam na investigação", finalizou.

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