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'Fui salva pelo cano da minha arma', diz PF atingida por Roberto Jefferson

Agente federal atingida por Jefferson Imagem: José Lucena/TheNews2

Colaboração para o UOL, em Salvador

17/09/2023 22h37Atualizada em 18/09/2023 00h13

A policial federal Karina Lino de Miranda, atingida por dois tiros disparados pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson em outubro do ano passado, disse ao Fantástico, da TV Globo, que foi "salva pelo cano da arma".

O que aconteceu

Karina disse que estava correndo para se abrigar em meio aos tiros e granadas disparadas por Jefferson quando sentiu um impacto forte e caiu no chão. "Logo depois começou uma ardência muito grande na região do quadril. Eles até imaginaram que tinha um projétil alojado, tinha um buraco aberto. Depois, vendo meu coldre, minha calça, vendo o estado que ficou minha arma, porque o cano dela foi destruído, é que a gente chega à conclusão que, na verdade, foi um tiro que atingiu a região".

Milagrosamente eu fui salva pelo cano da minha arma, que serviu como um escudo para mim.
Karina Lino de Miranda, policial federal, ao Fantástico

Pedaços de pregos cortados foram colados em duas das três granadas utilizadas pelo ex-deputado na ação. O perito Bruno Costa Pitanga Maia afirmou que esses explosivos foram modificados.

O fragmento de um dos pregos atingiu a velocidade de mais de 280 quilômetros por hora. "Lançar um prego nessa velocidade, dependendo da área do corpo que ele atingir, pode causar até a morte", disse Michele Avila dos Santos, perita criminal federal, à Globo.

Os peritos ainda encontraram 42 perfurações de bala na viatura. Muitos tiros atingiram o banco do carona, até o encosto de cabeça.

O perito Bruno Costa rebate a alegação feita por Jefferson de que não disparou para atingir os policiais. "Primeiro que ele deu muito tiro num veículo que tinha um policial atrás, abrigado, e segundo que dois policiais foram atingidos por tiro", argumentou.

A advogada da policial atingida, Estela Nunes, disse que a agente sofreu "danos físicos e psicológicos". "Ela tem o dano psicológico, que acho que é o maior dos danos. Na região do quadril e no rosto, ela teve perda de sensibilidade a toque, ao calor e ao frio. Além disso, a marca no rosto a faz lembrar diariamente da violência que sofreu."

O que diz a defesa do ex-deputado

Em nota enviada ao Fantástico, os advogados de Roberto Jefferson reforçaram a tese defendida desde que o episódio ocorreu. Eles disseram que o ex-deputado jamais teve intenção de provocar ferimentos graves nos policiais federais e que apenas buscou impedir o cumprimento de uma decisão "ilegal e injusta".

A defesa diz ainda que apenas uma granada foi modificada com pregos, devido a ameaças que ele vinha sofrendo nos últimos anos.

Relembre o caso

Em outubro do ano passado, Roberto Jefferson reagiu com tiros e granadas ao cumprimento de uma ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Superior Tribunal Federal). O caso aconteceu no sítio do ex-deputado, em Comendador Levy Gasparian (RJ), cidade a 142 km do Rio de Janeiro.

Os policiais foram cumprir a ordem, sob alegação de descumprimento, de forma reiterada, das regras da prisão domiciliar. Um dia antes, ele havia usado a conta no Twitter da filha, Cristiane Brasil (PTB), para xingar a ministra do STF Cármen Lúcia.

O ex-deputado estava em prisão domiciliar desde janeiro de 2022 por questões de saúde. Na ocasião, Moraes relaxou a prisão preventiva decretada em agosto de 2021 no âmbito do inquérito das milícias digitais.

Na última quarta-feira (13), a juíza Abby Magalhães, da 1ª Vara Federal de Três Rios, decidiu que Roberto Jefferson irá a júri popular. Ele vai responder a acusação de tentativa de homicídio contra quatro policiais federais.

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