'Tinha medo dele': vizinhos de condenado no STF pelo 8/1 relatam ameaças
Aécio Lúcio Costa Pereira, primeiro réu condenado no STF pelos atos golpistas do dia 8 de janeiro, tem pelo menos dez boletins de ocorrência contra ele, registrados por vizinhos. Os relatos foram reunidos pelo Fantástico, da TV Globo.
O que aconteceu
Aécio atuava como síndico de um condomínio em Diadema, na Grande São Paulo. Segundo a reportagem, são relatos de agressão verbal, homofobia, intolerância religiosa e furto.
"Ele passava e falava: 'Eu vou acabar com você'." Uma professora, que preferiu não se identificar, disse que registrou boletins de ocorrência contra o homem por injúria, calúnia, difamação e perturbação da tranquilidade. "Até chegar a um ponto em que algumas pessoas começaram a perceber essa manipulação mental que ele fazia, entendeu?", declarou a mulher ao Fantástico.
Em 2018, outra moradora registrou um boletim de ocorrência acusando o então síndico de furto de celular. A mulher disse que Aécio arrancou o telefone de suas mãos em 2018 e não devolveu o aparelho.
Outro BO mostra Aécio proferindo ofensas homofóbicas e de intolerância religiosa. O alvo dos ataques seria um morador chamado Vando Estrela. "Falando 'ei, bichona, ó, estou trabalhando aqui, ó, aqui ó... Ó que linda bicha com x, porque todo comunista é analfabeto. Vai descansar que eu estou trabalhando", declarou ao Fantástico.
Os dois eram amigos, e Vando conta que a relação foi rompida por questões políticas.
Quando ele percebeu que eu sou de esquerda, aí ele ficou irritado com isso, e a gente travou muitas discussões por questões ideológicas. Me chamava de bichona. Ele ofendeu todas as mulheres que moram nesse condomínio. [Xingava de] bruxa velha, de laranja podre.
Vando Estrela, que foi vizinho de Aécio, ao Fantástico
"Tinha esse comportamento machista, superagressivo com as mulheres, ditatorial, a gente tinha medo dele." A filha de uma ex-síndica do condomínio reforça os relatos contra Aécio, sem ser identificada na reportagem.
Condenação no STF
O STF (Supremo Tribunal Federal) condenou Aécio Lúcio Costa Pereira a 17 anos de prisão. Foi o primeiro julgamento em relação aos atos golpistas de 8 de janeiro. O réu foi acusado de invadir e depredar prédios públicos durante; 15 anos e meio serão em regime fechado.
Apesar de divergências, a maioria dos ministros concordou que ele deve ser punido por crimes mais graves, como associação criminosa armada, tentativa de golpe de Estado e tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito. Além disso, por unanimidade, Aécio Lúcio responderá por dano qualificado e deterioração de patrimônio público.
Em depoimento, ele negou que tenha participado do quebra-quebra. No plenário, o advogado Sebastião Coelho da Silva, que representa Aécio, afirmou que o julgamento era "político" e disse que o Supremo não deveria julgar o caso.
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