PSDB perde 1/4 de seus prefeitos em SP para partidos de Kassab e Bolsonaro
Fora do comando do governo de São Paulo pela primeira vez em 28 anos e com uma guerra interna entre o presidente nacional da legenda e filiados paulistas, o PSDB perdeu cerca de 1/4 dos prefeitos no estado. Os principais destinos dos tucanos têm sido o PSD, de Gilberto Kassab, e o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O que aconteceu:
Em 2020, o PSDB elegeu 179 prefeitos em São Paulo. Esse número chegou a 250 no início de 2022, embalado pelo fato de o partido ter o controle da máquina pública. Mas, desde o começo do ano, cerca de 60 deixaram a legenda. O estado tem 645 municípios.
Esse cenário mudou desde a derrota de Rodrigo Garcia (PSDB) e da ascensão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao Palácio dos Bandeirantes. Prefeitos têm deixado o ninho tucano rumo a partidos da órbita do governo estadual, em busca de uma relação mais próxima com o governador, para liberação de convênios e emendas.
O PSDB diz que segue com um grande número de prefeitos, sem especificar quantos. Em nota, a Executiva Estadual informou que, após as eleições de 2020, mais de 60 gestores municipais foram filiados. "Além disso, o partido vai lançar um grande número de candidatos a prefeito, a vice-prefeito e a vereadores, atingindo, assim, um resultado expressivo em 2024."
O principal destino dos tucanos tem sido o PSD - ao menos 50, segundo apurou o UOL. Kassab, presidente da legenda, é secretário de Governo de Tarcísio e o encarregado da articulação política. Conhecido por ser um habilidoso articulador, o político foi o nome destacado para, nas palavras do governador, "fazer a mediação política" e ser a "interface com a Assembleia Legislativa e com as prefeituras".
Um dos nomes que deixou o PSDB rumo à sigla de Kassab é o vice-governador, Felício Ramuth. Tucano desde 1993, Ramuth foi prefeito de São José dos Campos e deixou o partido em janeiro do ano passado. Crítico do então governador de São Paulo João Doria (hoje sem partido), o político apoiou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, nas prévias do partido para as eleições presidenciais de 2022. Ao UOL, Ramuth disse que o PSDB "não teve capacidade de se renovar ao longo dos últimos anos".
Os prefeitos de Avaí, Botucatu, Jales e Promissão também trocaram o PSDB pelo PSD. São cidades de médio e pequeno porte do interior do estado.
O PL de Valdemar Costa Neto e de Bolsonaro também tem atraído ex-tucanos: foram ao menos cinco só este ano. O prefeito de Jundiaí, Luiz Fernando Machado, deixou o partido depois de 19 anos e se filiou em um evento com a presença de Bolsonaro em junho. Além de Machado, os prefeitos de Araras, Catanduva, Cabreúva e Ibaté também foram para o partido.
A meta do partido é eleger de 150 a 200 prefeitos no estado no ano que vem. O PL tem a maior bancada da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), com 19 deputados, entre os quais o presidente da Casa, André do Prado.
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), ex-governador de São Paulo e ex-tucano, também tem atraído lideranças do PSDB para seu partido. Alckmin filiou o ex-tucano Rubens Furlan, prefeito de Barueri, em junho.
Também há casos em que o PSDB perdeu prefeituras após a morte de seus filiados. Reeleito em 2020 para comandar São Paulo, Bruno Covas morreu em maio do ano seguinte em decorrência de um câncer. O vice dele, Ricardo Nunes (MDB), assumiu o cargo.
Debandada deve aumentar
Há expectativa de que a saída de tucanos se intensifique nos próximos meses, segundo lideranças ouvidas em reserva pela reportagem. Um deles descreveu o partido como "um barco à deriva".
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Quero receberO próprio presidente da federação PSDB-Cidadania em São Paulo reconhece a perda de gestores no estado. O prefeito de Santo André, Paulo Serra, prevê que de 50 a 100 prefeitos ficarão na legenda.
A crise do PSDB em São Paulo foi agravada com o processo das prévias presidenciais. O processo, em novembro de 2021, opôs Doria e Leite. O então governador de São Paulo venceu, mas desistiu da candidatura diante da falta de apoio do próprio partido e abandonou a política.
Leite assumiu o comando nacional do PSDB no início deste ano, mas ainda não conseguiu pacificar o partido. Na segunda-feira (11), a Justiça determinou que a legenda realize, no prazo de 30 dias, novas eleições para eleger os membros da Comissão Executiva Nacional —o pedido partiu do prefeito de São Bernardo do Campo (Grande SP), Orlando Morando, que é filiado ao partido. Morando é adversário interno de Leite e apoiou Doria.
Além da perda de filiados, o o PSDB enfrenta dificuldade para renovar lideranças. Na capital paulista, o partido não deve ter candidato próprio a prefeito pela primeira vez na história.
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