Após usar avião da FAB, Anielle diz ser 'inacreditável' receber críticas
Do UOL*, em São Paulo
25/09/2023 18h43Atualizada em 26/09/2023 06h16
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou que é "inacreditável" ela receber críticas "por ir fazer o seu trabalho de combate ao racismo e cumprir o seu dever". Ela usou avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para ir à final da Copa do Brasil entre São Paulo e Flamengo para uma ação do governo.
O que aconteceu
Anielle disse que "noções estão invertidas". Para ela, esse não deveria ser um motivo para receber ataques. "Inclusive, precisei abrir mão de estar com a minha família e minhas duas filhas em um domingo para ir trabalhar. Quem tem filhas pequenas consegue entender o peso disso", escreveu a ministra no X, o antigo Twitter.
Importante reconhecer que práticas de desinformação, manipulação da verdade e a divulgação de notícias falsas configuraram violência política de Gênero e Raça, na tentativa de impedir o nosso trabalho. Não são ataques a este ministério ou a mim, mas ao povo brasileiro.
Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial
Ministra disse que foi a estádio em ação contra racismo no esporte. Também estiveram presentes na ação o ministro Silvio Almeida, de Direitos Humanos e da Cidadania, e André Fufuca, do Esporte, e o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues. Durante o jogo, houve também divulgação do Disque 100 para violações de Direitos Humanos no telão do estádio.
Nas redes sociais, parlamentares de oposição e bolsonaristas acusaram a ministra de ter usado um avião da FAB para ver o último jogo da Copa do Brasil. "É só coincidência ela ter ido justo no dia da final sendo ela flamenguista, gente. Ela não pôde ir em momento algum antes disso. E o brasileiro segue pagando as viagens a lazer de Lula e seus ministros", afirmou o líder da oposição na Câmara dos Deputados, o deputado Carlos Jordy (PL-RJ).
Em rede social, Anielle publicou um vídeo cantando dentro do avião da FAB, dizendo que estava partindo de Brasília a caminho de São Paulo, "não só porque eu sou flamenguista, porém por um motivo especial", em referência ao lançamento do programa.
Assessora de Anielle criticou a torcida são-paulina "branca" e chamou a direção do Flamengo de fascista. A chefe da assessoria especial, Marcelle Decothé, fez postagens em seu perfil privado dentro do estádio do Morumbi. Flamenguista, ela escreveu, usando linguagem neutra, que a "torcida branca [do São Paulo], que não canta, descendente de europeu safade...". No mesmo post, complementou: "pior tudo de pauliste". Em nota, o Ministério da Igualdade Racial disse que abriu investigação para apurar a conduta das servidoras, segundo a Folha.
O uso de avião da FAB é regulamentado por um decreto presidencial e prevê uma ordem de prioridade: primeiro, em casos de emergências médicas; segundo, quando há razões de segurança; por fim, viagens a serviço. As regras em vigor não permitem solicitar o jato para passar o final de semana em casa.
O que disse o ministério?
Em nota, o Ministério da Igualdade Racial informou que "a final da Copa do Brasil foi escolhida para a realização da ação de divulgação pelo alto número de pessoas presentes no estádio e pela grande audiência, típica de uma final de campeonato, independente de quais clubes a disputassem".
Ainda segundo a pasta, "o voo da FAB foi utilizado para uma missão institucional, como é praxe em deslocamentos para ações ministeriais e de governo e como uma medida de economia de gastos públicos para locomover as equipes".
"As ações do Ministério da Igualdade Racial são realizadas observando os princípios que balizam a boa administração pública, e em cumprimento da missão institucional do Ministério", acrescentou o ministério do governo Lula.
* Com informações da Agência Estado