Josias: Auxiliares de Dino receberem mulher de líder do CV é constrangedor
Colaboração para o UOL, em São Paulo
13/11/2023 14h14Atualizada em 13/11/2023 14h14
É constrangedor que auxiliares do ministro da Justiça, Flávio Dino, tenham recebido a mulher de um líder do Comando Vermelho no Amazonas em uma reunião em Brasília, afirmou o colunista do UOL Josias de Souza, ao UOL News na manhã desta segunda-feira (13).
Mesmo quem não entende de política, entende de politicagem. Houve um fato e o bolsonarismo, que está sempre a postos, transforma o fato na politicagem do momento. O fato, que é constrangedor, é que dois auxiliares do Flávio Dino, receberam um grupo de pessoas e dentre essas pessoas estava de fato a mulher de um líder do Comando Vermelho no Amazonas Josias de Souza, colunista do UOL
A mulher em questão se chama Luciane Barbosa Farias, esposa de um líder do Comando Vermelho. Conhecida como "dama do tráfico amazonense", ela se reuniu com secretários do Ministério da Justiça, em Brasília. O ministério admitiu a visita, mas como parte de uma comitiva de advogados. A informação foi divulgada pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Isso é muito constrangedor. Ela é mulher de um sujeito que é chamado de Tio Patinhas no Amazonas, Clenilson dos Santos Farias, um dos chefões do Comando Vermelho no Amazonas. Um líder inconteste do crime organizado na região Norte do País
É muito constrangedor que uma pessoa assim, mulher desse personagem, seja recebida no Ministério da Justiça. Essa mulher se apresenta como presidente de uma ONG batizada de 'Associação Instituto Liberdade do Amazonas', que zelaria pelos direitos dos presos, pela melhoria das condições carcerárias no Brasil
A Polícia Civil do Amazonas conhece muito a ONG, a Luciane, o marido dela. Ela atua muito em favor dos presos do Comando Vermelho. Essa ONG, segundo a Polícia Civil, é financiada com dinheiro do tráfico. Então, é constrangedor sim que uma personagem com essas características, condenada inclusive, sendo recebida com honras no Ministério da Justiça
Para o colunista, a exploração do episódio pela oposição e críticos do ministro é politicagem, contudo a notícia sair em dia que o ministro anuncia medidas que teriam sido conversadas em reuniões com Luciane também constrange.
A politicagem está no fato de que estão dizendo que o ministro da Justiça o recebeu. Não foi isso que ocorreu, foram dois auxiliares do ministro. E aí num dia em que o ministro está anunciando iniciativas da sua pasta justamente nessa área, nas condições das prisões do Brasil, é constrangedor que uma notícia dessa venha à tona
Embora mesmo quem não entenda de política consiga enxergar a politicagem, é também necessário dizer que o ministro precisa zelar para que seu ministério tenha mais cuidado com as pessoas que entram lá
Não é concebível que uma personagem como essa seja recebida com esse tipo de característica, como se fosse presidente de uma ONG que é manjada no Amazonas, mas que não é manjada no Ministério da Justiça. Parece que o problema de informação existente entre os bandos de dados do governo federal e dos estados, esse problema afeta a formatação da agenda dos auxiliares do ministro
O ministro Flávio Dino também se pronunciou em rede social e afirmou que nunca recebeu em audiência no ministério "líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho". Ele afirmou que o encontro não ocorreu em seu gabinete, mas em outro local e sem seu conhecimento.
O ministro tem razão quando diz que estão explorando indevidamente o fato. Ocorre que é constrangedor, é
Josias de Sousa, colunista do UOL
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