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OPINIÃO

Josias: É ridículo Ramagem falar em 'perseguição política'

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/01/2024 12h14

O colunista Josias de Souza classificou como ridícula a tese do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que alegou ser "vítima de perseguição" ao ser alvo de investigação da Polícia Federal no caso de espionagem da Abin.

Para Josias, Ramagem é "um personagem secundário e candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro sem a menor possibilidade de vitória".

Imaginar que o Supremo Tribunal Federal, a Procuradoria-Geral da República, sob nova direção, toda a Polícia Federal... Temos que imaginar que toda essa estrutura do Estado foi mobilizada para evitar que Carlos Jordy dispute a Prefeitura de Niterói ou Ramagem concorra à Prefeitura do Rio. É muito ridículo. Josias de Souza, colunista do UOL

O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), investigado pela PF por seu suposto envolvimento nos atos golpistas de 8/1 também se disse "vítima de perseguição política". Para o colunista, este argumento não se sustenta e, no caso de Ramagem, perde o sentido por sua atuação no governo de Jair Bolsonaro.

Esse argumento nos lábios de uma pessoa que se prestou a conduzir esse processo de aparelhamento dos órgãos do Estado sob Bolsonaro é muito ridículo para que demos atenção. Se o personagem é precário, não podemos fazer nada. Temos que dar atenção aos seus argumentos, embora sejam muito precários. Josias de Souza, colunista do UOL

O que aconteceu?

Ramagem é o principal alvo de uma operação da PF. Relatório entregue ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, aponta que ele utilizou sua posição como diretor da Abin para "incentivar e encobrir" o uso de um programa espião chamado First Mile.

Ramagem é suspeito de usar a estrutura da agência em defesa de Flávio e Jair Renan Bolsonaro, filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro. A PF também apura se ele espionou adversários políticos do ex-mandatário, como Joice Hasselmann e Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara. Em decisão que autorizou buscas contra Ramagem, Moraes classificou a postura do ex-diretor da Abin como de "natureza gravíssima".

O First Mile permite o rastreio de até 10 mil pessoas por ano. O programa, adquirido pela Abin, permite ao usuário rastrear dados de geolocalização de qualquer pessoa a partir dos dados transferidos do celular do indivíduo para torres de comunicação da região.

Tales: Lula avalia demitir nº 2 da Abin; diretor-geral também pode cair

Tales Faria apurou que Lula estuda demitir Alessandro Moretti, número 2 da Abin, o que poderia levar à queda de Luiz Fernando Corrêa, atual diretor-geral da agência. O colunista ressaltou as ligações de Moretti com o governo Bolsonaro, o que seria suficiente para Corrêa não depositar tanta confiança nele a ponto de indicá-lo para o cargo.

Já está sendo avaliada por Lula a demissão desse nº 2 da Abin, o que pode arrastar o atual diretor-geral da agência [Luiz Fernando Corrêa]. No relatório sobre a espionagem da Abin, a PF sugere que o diretor-adjunto integrou um 'conluio de parte dos investigados com a atual alta gestão da Abin', para prejudicar as investigações. O problema é que Moretti sempre contou com o apoio irrestrito de Corrêa, sobre quem Lula depositava total confiança. Tales Faria, colunista do UOL

Bergamo: Operação alerta para possível interesse federal no caso Marielle

A descoberta de que a "Abin paralela" monitorava a promotora do caso Marielle sinaliza o possível interesse de alguém na esfera federal nas investigações do crime, afirmou Mônica Bergamo. A colunista disse que a interferência da Abin no acompanhamento das investigações sobre o crime "não se justifica"

Ela traz um alerta evidente de que alguém no plano federal está muito interessado nessa investigação e pode estar envolvido nesse crime. Ou, no mínimo, porque alguém ligado a essa pessoa está envolvido no crime. Por que a Abin vai se meter no caso Marielle para dar informações ao presidente? Isso não se justifica de forma alguma. Mônica Bergamo, colunista da Folha de S.Paulo

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