Servidores da Abin dizem que 'nem sempre' são ouvidos após PF mirar Ramagem
Do UOL, em São Paulo
29/01/2024 10h21
Servidores da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) dizem que não têm poder de decisão e "nem sempre" são ouvidos por seus chefes, após operação da PF mirar o ex-diretor da agência Alexandre Ramagem.
O que aconteceu
Associação de funcionários afirmou que "a atividade de inteligência cumpre a função de informar, e não a de decidir". "Nem sempre o decisor ouve o assessor", disse a Intelis em nota divulgada na noite de ontem.
Entidade disse também que a Abin foi usada de forma "indevida". "Uma instituição de Estado pode ser utilizada de forma indevida por seus dirigentes, especialmente se estes tiverem pretensões político-partidárias, como é o caso que ora se investiga".
Ramagem é pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro. Hoje deputado federal pelo estado do Rio, ele foi diretor-geral da Abin entre junho de 2019 e março de 2022 e é cotado para disputar as eleições municipais deste ano, com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A PF também cumpriu hoje mandados de busca contra Carlos Bolsonaro. Segundo a corporação, a operação é uma sequência da que teve Ramagem como alvo.
PF apura uso ilegal de programa espião
A PF cumpriu na quinta-feira (25) mandados de buscas e apreensão contra o ex-chefe da Abin. Outros ex-integrantes da sua gestão no governo Bolsonaro também foram alvos da corporação.
Buscas foram realizadas no gabinete de Ramagem na Câmara. Endereços residenciais dele, assim como outros locais, também estiveram entre os alvos.
Ao todo, foram cumpridos 21 mandados, além de medidas cautelares diversas de prisão. Sete agentes da PF também tiveram pedido de suspensão imediata de funções públicas. As buscas acontecem em Brasília, Juiz de Fora (MG), São João Del Rei (MG) e Rio de Janeiro.
Ramagem negou uso do programa
Ramagem disse que nem ele, nem os policiais federais que o acompanhavam acessaram o FirstMile, em entrevista à GloboNews. "Nós da direção da PF, os policiais federais que estavam comigo, nunca tivemos a utilização, execução, gestão ou senha desses sistemas", afirmou.
O atual deputado federal chamou a operação da Polícia Federal sobre o caso de "salada de narrativas". "O que nós vemos é uma salada de narrativas, inclusive antigas, já superadas, colocadas para imputar negativamente, criminalmente no nome da gente sem qualquer conjunto probatório", disse.