Carlos Bolsonaro é alvo da PF em investigação sobre 'Abin paralela'
O vereador no Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) é alvo da Polícia Federal na manhã de hoje.
O que aconteceu
A PF cumpre mandados de busca e apreensão contra pessoas do núcleo político que receberam informações da "Abin paralela". Segundo as investigações, a Abin foi usada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) para monitorar adversários políticos.
Um dos alvos é Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente. A busca e apreensão foi autorizada na casa de Carlos e no seu gabinete na Câmara Municipal do Rio. Imagens da GloboNews mostraram pelo menos três viaturas da PF na residência do vereador, na Barra da Tijuca. O condomínio é o mesmo onde Jair Bolsonaro também tem uma casa. O ex-presidente atualmente reside em Brasília.
Outro alvo é Giancarlo Gomes Rodrigues, ex-assessor da Abin. A PF encontrou e apreendeu 10 celulares na casa do militar.
A PF também faz buscas em Angra dos Reis (RJ), onde está Carlos Bolsonaro. Ele participou ontem de uma live com o pai e os irmãos Flávio e Eduardo em Angra.
Assessores do vereador também são alvos da operação de hoje. Ao todo, estão sendo cumpridos um mandado em Angra dos Reis, cinco no Rio de Janeiro, um em Brasília, um em Formosa (GO) e outro em Salvador.
Os investigados podem responder por invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
A PF fez buscas contra Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, na últim quinta-feira (25). Segundo a corporação, o hoje deputado federal usou sua posição para "incentivar e encobrir" o uso de um programa espião.
Carlos Bolsonaro chegou a ser anunciado como o gestor de comunicações de Ramagem para a candidatura à prefeitura do Rio de Janeiro. O filho 02 de Bolsonaro também atuou na campanha do pai em 2022.
Ontem, Bolsonaro diz que não espionou adversários. Durante uma live ao lado dos filhos Flávio, Carlos e Eduardo, o ex-presidente afirmou que as informações não chegavam até ele e defendeu Alexandre Ramagem (PL), ex-diretor da Abin.
"Abin Paralela"
A PF investiga se aliados de Bolsonaro na Abin usaram, de forma indevida, outras ferramentas de espionagem, além do First Mile. O software permite o monitoramento de geolocalização de celulares em tempo real. Segundo a PF, o então diretor da agência, Alexandre Ramagem, teria utilizado sua posição para "incentivar e encobrir" o uso de um programa espião.
Os investigadores suspeitam que Ramagem utilizou da estrutura da Abin para tentar fazer provas em defesa de Flávio e Jair Renan Bolsonaro, filhos do ex-presidente, e espionar adversários políticos do ex-mandatário, como Joice Hasselmann e Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara.
A Abin teria sido instrumentalizada para monitoramento da promotora de Justiça responsável pelo caso da vereadora Marielle Franco. Em decisão que autorizou buscas contra Ramagem, o ministro Alexandre de Moraes classificou a postura do ex-diretor da Abin como de "natureza gravíssima".
O First Mile é um programa adquirido pela Abin que permite ao usuário rastrear dados de geolocalização de qualquer pessoa. A ferramenta permite o rastreio de até 10 mil pessoas por ano.
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