Lira dá gelo em Padilha, que senta na ponta da mesa de autoridades
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não fez questão de ser simpático com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, na cerimônia de retomada dos trabalhos do Congresso.
O que aconteceu
Lira não escondeu as críticas ao ministro. As reclamações de que Padilha não cumpre acordos e vaza informações se refletiram num tratamento frio na cerimônia.
Em seu discurso, o presidente da Câmara não citou nominalmente o Padilha, mas criticou a falta de compromisso do governo nos entendimentos firmados entre os deputados e o Executivo. Ele reclama, por exemplo, da falta de pagamento das emendas parlamentares.
Lira cobrou "respeito" do Palácio do Planalto e afirmou que a Câmara contribuiu para a aprovação de propostas prioritárias de Lula no ano passado. O deputado alagoano ainda defendeu o papel do Legislativo na elaboração do orçamento federal.
Atualmente, o Congresso e o Planalto estão em negociação pelo veto de Lula a R$ 5,6 bilhões do montante aprovado no Orçamento para as chamadas emendas de comissão. Líderes do centrão defendem a derrubada, mas governistas querem um acordo para tentar recompor o caixa, mesmo que parcialmente.
O presidente da Câmara não puxou conversa mesmo com ambos sentando perto na mesa de autoridades. A ordem era a seguinte: Padilha na ponta, o ministro Rui Costa e Arthur Lira na sequência.
O presidente da Câmara chegou a conversar com Rui Costa enquanto tomavam café. Padilha não participou do diálogo e deixou seu café esfriar na xícara.
Ministro deslocado
Padilha foi a última autoridade a subir até a mesa. Antes, ficou com a bancada do PT e recebeu muita abraços. Enquanto esteve sentado à mesa, passou boa parte do tempo isolado. A única autoridade com quem conversou foi Rui Costa.
Outra interação de Padilha ocorreu com um colega de Esplanada. O ministro Silvio Costa Filho (Republicanos) subiu à mesa para cumprimentar as autoridades e abraçou o ministro.
Mesmo com o ambiente adverso, Padilha adotou tom amistoso e agregador. Ressaltou os projeto aprovados na Câmara ano passado e disse que espera repetir o resultado neste ano. Ele também falou que "o governo não rompeu, nem nunca romperá" a relação com o Congresso.