Ato de Bolsonaro: 'Não convidei nenhum líder evangélico', diz Malafaia
O pastor Silas Malafaia disse que não convidou nenhum líder evangélico para o ato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em São Paulo. "Quem quiser vai. O convite é geral, é para todo mundo", afirmou ao UOL.
O que aconteceu
Malafaia afirmou que os anúncios de confirmações feitos por deputados e governador até agora são voluntários. Para evitar "aquele negócio de subir em trio", ele disse que não enviou convite para ninguém.
O pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo é responsável pela organização e financiamento do ato. Um trio elétrico terá o slogan em defesa do Estado Democrático de Direito — mote da manifestação.
Bolsonaro convocou o ato quatro dias após ser alvo de uma operação da PF por suspeita de planejar um golpe de Estado. O ex-presidente nega, diz que joga "dentro das quatro linhas da Constituição" e que vai se defender no dia 25, na avenida Paulista.
Apesar da falta de convite oficial, fiéis e lideranças evangélicas participarão do ato. O apóstolo Estevam Hernandes e sua esposa, a bispa Sônia, da igreja Renascer em Cristo, estarão fora do país na data, mas um líder da denominação vai representá-los.
"Não estamos fazendo convite [à igreja]. Teremos sim representantes, mas os deixamos livres, quem puder ou quiser participar", disse o apóstolo. Hernandes e outras lideranças evangélicas apoiaram Bolsonaro nas eleições de 2022 — foram realizados eventos em igrejas pelo país.
Nas redes sociais de Malafaia, há fiéis elogiando a iniciativa e internautas criticando o ato e o pastor. "De Jesus o senhor não fala mais não, pastor?", perguntou uma pessoa.
O pastor André Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha, disse que não vai participar. Por meio de sua assessoria, ele respondeu que não é bolsonarista — "nem o sigo nas redes sociais". "A eleição já passou e já teve seu candidato eleito. Vida que segue. Não sou apegado a absolutamente nenhuma pessoa", afirmou.
Você já viu aquele ditado que quem convida tem que dar festa? Então, quem convida dá festa. Então, para evitar problema que vai ser uma lenha com o negócio de subir em trio, então, nós não estamos convidando ninguém.
Silas Malafaia, pastor e organizador do ato
Ato vai ter oração de Michelle
A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro vai fazer uma oração logo no começo da manifestação. Ela é evangélica, sempre participou de cultos e eventos com apelo religioso. Durante as eleições em 2022, dialogava com esse público, por exemplo.
Os gastos com o ato seriam pagos, inicialmente, pela Associação Vitória em Cristo — mas Malafaia afirmou na sexta (16) que vai usar próprio dinheiro. Segundo ele, "a turma da esquerda" disse que o líder religioso iria usar dinheiro do dízimo. A associação, entretanto, é diferente da igreja, que leva o mesmo nome.
"Vou pagar e acabo com qualquer tentativa de levarem para um lado, porque a covardia é grande", afirmou o pastor. A expectativa é que, além de Bolsonaro, Malafaia e outros apoiadores discursem.
O pastor bancou o ato em 7 de Setembro de 2022. Na época, durante a corrida eleitoral, Bolsonaro subiu num trio elétrico no Rio de Janeiro. O slogan à época questionava o sistema eleitoral: "Eleições limpas e transparentes".
Além de se defender, o ex-presidente esperar reunir uma multidão na Paulista. "Mais do que discurso, uma fotografia de todos vocês, porque vocês são as pessoas mais importantes deste evento", disse Bolsonaro. A expectativa dos organizadores é que 300 mil pessoas participem do ato.
Para evitar qualquer tipo de questionamento de que uma entidade religiosa está bancando evento político, eu falei: eu assumo e acabo com essa história.
Silas Malafaia