Em culto no Rio, Malafaia pede jejum e oração por ato pró-Bolsonaro em SP
Daniele Dutra
Colaboração para o UOL, no Rio
20/02/2024 04h00Atualizada em 20/02/2024 08h14
O pastor Silas Malafaia pediu a fiéis da Assembleia de Deus Vitória em Cristo no Rio que façam um jejum pelo país e que orem pelo ato em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro no próximo domingo, em São Paulo. Bolsonaro é investigado pela Polícia Federal por suspeita de tentar dar um golpe para permanecer no poder.
O que disse Malafaia
Jejum pelo país. "Estou convocando o povo de Deus para que, na quinta-feira, a gente possa fazer um jejum pela nação, um jejum simples, da meia-noite ao meio-dia. Precisamos orar pelo nosso país para que Deus o livre de toda crise."
Convenceu Bolsonaro a ir a ato em São Paulo. "Eu sei o que está acontecendo no país, eu conheço o bastidor e eu dei uma palavra para o ex-presidente. Falei que o povo é o supremo poder de uma nação. E eu o convenci para que no domingo a gente faça uma manifestação."
Oração pela manifestação. "Eu vou levantar um clamor na avenida Paulista e eu vou pedir para que você ore a meu favor. Peço a sua proteção em oração para que Deus me dê graça para o que eu vou falar lá. Peço que você possa interceder pelo país, pela nação."
O que aconteceu
Culto com cerca de 5.000 pessoas. O pastor deu as declarações na noite de domingo (18), no bairro da Penha, zona norte do Rio. O templo tem capacidade para 6.500 pessoas, e o público foi estimado por um representante da igreja.
Apelo para entrega de dízimo e ofertas. No culto, Malafaia anunciou a inauguração de cinco igrejas e a reforma de outras três nos próximos 75 dias. Em seguida, fiéis responderam ao pedido de dízimo entregando envelopes com dinheiro e passando cartões de débito e crédito.
Custos do ato pró-Bolsonaro. Na semana passada, o pastor declarou que a Associação Vitória em Cristo, ligada à sua igreja, bancaria os gastos do ato pró-Bolsonaro. Mas depois mudou de ideia para evitar acusação de mau uso de dízimo. Ele disse que bancará os custos do próprio bolso.
Malafaia justificou a mudança dizendo que houve acusações de que ele usaria dinheiro de fiéis. Ele alegou que a associação é uma entidade diferente da igreja, não tem dízimo e que seu estatuto permite manifestações públicas.
Pastor tem salário. Entretanto, como tem renda, Malafaia disse que preferiu tirar dinheiro do próprio bolso e evitar "acusações da esquerda". O pastor afirma que seu Imposto de Renda comprova o poder aquisitivo para custear o trio elétrico que será usado no ato.
Dinheiro doado por fiéis vai pagar o ato. Tanto bancado pela igreja quanto pelo salário de Malafaia, os recursos vêm dos próprios integrantes da congregação.
O ato pró-Bolsonaro
A ideia é reunir cerca de 300 mil pessoas na avenida Paulista. Em um vídeo publicado na página de Malafaia, Bolsonaro fala que vai usar o evento para rebater todas as acusações a seu respeito. O ex-presidente espera reunir uma multidão com a militância, para fazer uma pressão popular contra sua eventual prisão e demonstrar popularidade e força política.
Malafaia esteve na quinta-feira (15) com Bolsonaro, em Brasília, planejando o evento. Ficou decidido que haveria um único trio elétrico na manifestação.
Ex-presidente teria tentado um golpe de Estado. A convocação da manifestação acontece na semana seguinte à operação da PF que aponta que Bolsonaro encomendou e alterou uma minuta para invalidar o resultado das eleições.
Uso de militares e desinformação nas redes sociais. Ele também teria chamado militares para fazer uma intervenção após a derrota para Lula e usado as redes sociais para desacreditar as urnas eletrônicas.