Ex-ministro astronauta indicou instituto que questionou urnas, diz Valdemar
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou em depoimento à Polícia Federal que o então ministro Marcos Pontes foi quem indicou que o Instituto Voto Legal fosse procurado.
O que aconteceu
Valdemar foi questionado sobre quem o apresentou aos representantes do instituto, contratado pelo PL para analisar urnas eletrônicas. Em sua resposta, ele disse que "não havia empresas capazes de exercer fiscalização das urnas". O presidente do PL disse que o então ministro Marcos Pontes indicou que procurassem o Instituto Voto Legal. Pontes foi ministro das Ciências, Tecnologia e Inovações durante o governo Bolsonaro.
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Presidente do PL disse que ideia de contratação do Instituto Voto Livre surgiu dos deputados do PL e do presidente Bolsonaro. Segundo o depoimento, foi pago o valor de R$ 1 milhão, em cinco parcelas, com recursos do próprio partido. O instituto é citado pela PF, durante o interrogatório, como "Instituto Voto Livre" em vez de "Instituto Voto Legal".
Valdemar disse que o objetivo da contratação era "fiscalizar o andamento das eleições". Ele afirmou à PF que deixou de acompanhar os serviços do instituto "pois não estavam apresentando nada concreto".
À PF ele disse que nunca recebeu orientação de Bolsonaro para questionar urnas eletrônicas. Segundo o depoimento, a orientação foi "apenas para fiscalizar". Ele disse que "para isso, contrataram os serviços da empresa IVL (Instituto Voto Legal) para acompanhar o desenvolvimento da eleição e se havia segurança.
Contratação do Instituto Voto Legal
Valdemar afirmou em depoimento que a contratação do instituto ocorreu em "meados de 2022". O objetivo, disse à PF, era fiscalizar o andamento das eleições. O valor pago pelos serviços prestados foi, segundo ele, de "aproximadamente R$ 1 milhão, em cinco parcelas, pagos com recursos próprios do Partido Liberal".
O presidente do PL foi questionado se o instituto produziu o relatório sobre mau funcionamento das urnas. Em resposta, disse que "recebeu alguns relatórios, mas deixou de acompanhar". Ele afirmou também que passou para o presidente do PL em São Paulo, José Tadeu Candelária, "pois não estavam apresentando nada de concreto."
PF questionou se o documento serviu de base para uma ação judicial proposta pelo PL no TSE que contestava as urnas. Em resposta, Valdemar disse que o relatório apontava que as urnas mais novas apontavam que Bolsonaro tinha a maioria dos votos e as mais antigas sinalizavam que Lula possuía a maioria.
Valdemar disse que instituto produziu relatório sobre urnas no primeiro turno. Segundo o depoimento dele, "sem qualquer indicação de irregularidade".
Presidente do PL diz à PF ter sofrido pressão de Bolsonaro para ajuizar ação no TSE. Valdemar disse que "quando houve o vazamento do relatório do IVL, os deputados do Partido Liberal e o então presidente Bolsonaro o pressionaram para ajuizar tal ação no TSE."
Contratação do IVL ocorreu com recursos do PL. Valdemar afirmou que a contratação do instituto e de advogado [responsável pela ação junto ao TSE que questionou as urnas anteriores ao ano de 2020] foi custeada pelo Partido Liberal.
Moraes derrubou sigilo dos depoimentos
Foram liberados os depoimentos de 27 pessoas. O ministro do STF Alexandre de Moraes tirou o sigilo dos depoimentos à Polícia Federal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Presidência.
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022;
- Carlos Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica;
- Marco Antonio Freire Gomes, general e ex-comandante do Exército;
- Almir Garnier Santos; ex-comandante da Marinha;
- Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) de Bolsonaro;
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
- Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro;
- Ailton Gonçalves Moraes Barros, major reformado do Exército;
- Amauri Feres Saad; advogado
- Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército;
- Bernardo Romão Correa Netto, coronel do Exército;
- Cleverson Ney Magalhães, ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
- Eder Lindsay Magalhães Balbino, empresário de tecnologia;
- Filipe Martins, ex-secretário para assuntos internacionais de Bolsonaro;
- Guilherme Marques Almeida, tenente-coronel e líder do Batalhão de Operações Psicológicas do Exército;
- Helio Ferreira Lima, ex-comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais de Manaus do Comando Militar da Amazônia;
- José Eduardo de Oliveira e Silva, padre na paróquia São Domingos, em Osasco (SP);
- Laércio Vergílio, general reformado do Exército;
- Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro e coronel do Exército;
- Mario Fernandes, ex-comandante da Secretaria-Geral da Presidência;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro de Defesa;
- Rafael Martins de Oliveira, major do Exército;
- Ronaldo Ferreira de Araújo Jr., oficial do Exército;
- Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, major do Exército;
- Tercio Arnaud, ex-assessor de Bolsonaro;
- Valdemar Costa Neto, presidente do PL.