PT prevê nome 'a la Lula' em berço de Alckmin que virou reduto de Bolsonaro
Um nome "a la Lula" é a aposta do PT para conquistar um município conservador que deu vitória ao do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas duas últimas eleições presidenciais. Em Pindamonhangaba, berço político do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o sindicalista Herivelto dos Santos Moraes, o Vela, é pré-candidato petista e tem chances reais de vencer a disputa.
O que aconteceu
Com menos de 200 mil habitantes, Pinda não tem 2º turno para prefeito. Para Vela, isso aumenta suas chances. Ele cita levantamento realizado pelo Paraná Pesquisas, em que aparece em empate técnico no primeiro lugar. A análise mostra o petista com 24,4% das intenções de voto — contra 28% do vice-prefeito Ricardo Piorino (PL). A margem de erro é de 4,5 pontos percentuais para mais e para menos.
O vice-prefeito — que é do mesmo partido que Bolsonaro — faz parte de um grupo político que comanda a cidade desde 2017 e também confirma sua pré-candidatura. "Nossa meta será relembrar os avanços que tivemos", afirma ele.
"Pindamonhangaba nunca teve em sua história uma administração ligada ao PT", diz Piorino. O vice-prefeito lembra ainda que, ao longo dos 44 anos de existência no partido do atual presidente da República, a legenda elegeu apenas seis vereadores na cidade.
Em outro cenário, o levantamento do Paraná Pesquisas citado por Vela aponta que o ex-prefeito Vito Lerário (PP) tem 27,6%, Piorino, 18,6%, e Vela, 16,6%. Afonso Lobato (Podemos), Érika Cândido (Psol) e Rafael Goffi (PSDB) não chegam a 15%. Mas o sindicalista acredita que tem potencial para crescer nos próximos meses.
A pulverização dos votos entre os candidatos de oposição aumenta minhas chances
Herivelto dos Santos Moraes, o Vela
Desafio da rejeição
Rejeição é o grande desafio de Vela. O indicador é uma das apostas da oposição contra o petista. Segundo o Paraná Pesquisas, 28,6% dos eleitores dizem que não votariam nele de jeito nenhum. Lerário (26,2%), Piorino (15,4%), Lobato (14%), Érika (12,8%) e Goffi (12,2%) apresentam números menores no levantamento.
Petista, no entanto, foi o mais votado da cidade em 2022 e 2020. Na última eleição, Vela recebeu mais de 18 mil votos para deputado estadual. Apesar disso, não foi eleito. Já quatro anos atrás, Vela se tornou vereador com mais de 2 mil votos. Ele ocupa o cargo até hoje.
Município tem voto mais à esquerda do que outras cidades do Vale do Paraíba. Em 2022, as votações obtidas por Lula (PT) para presidente e Fernando Haddad (PT) para governador em Pindamonhangaba nos dois turnos foram maiores do que as verificadas em locais próximos, como Caçapava, Taubaté e Tremembé. Em todos os lugares, porém, Bolsonaro e Tarcísio de Freitas (Republicanos) venceram.
Lula e Vela têm histórias parecidas
Pré-candidato à prefeitura tem histórico de sindicalista assim como o presidente da República. Vela foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pindamonhangaba. Já Lula ocupou o mesmo cargo no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. "Temos a mesma trajetória, mas em cenários diferentes", comenta o vereador de Pinda.
"Meu filho de 6 anos se chama Luiz Inácio em homenagem a ele", afirma Vela. Apesar da homenagem, ele afirma que tem mais proximidade com outros nomes do partido, como o ministro de relações institucionais Alexandre Padilha e o ministro do trabalho Luiz Marinho (que lhe doou R$ 25 mil na campanha de 2022).
Nome de Vela já tem o apoio de PDT, PSB e Psol na disputa pela prefeitura. Segundo ele, mais um partido (que não teve seu nome informado) negocia a entrada na coligação. Sua intenção é que o vice em sua chapa seja de centro-direita.
"O eleitor deve analisar com quem o 'candidato está acompanhado', pois a sabedoria popular cristã já aponta 'diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és'", afirma Piorino. O vice-prefeito diz que deve contar com o apoio do atual prefeito da cidade, Isael Domingues (PL), na disputa pela prefeitura.
Para petista, Alckmin desempenhará papel "fundamental" no processo eleitoral. Vela lembra que o governo federal reforçou sua presença no município após Alckmin assumir a vice-presidência. Os repasses somaram R$ 192 milhões em 2023. O valor é o maior desde 2020, quando foram transferidos R$ 195 milhões.
"Pinda não tem um candidato que represente a extrema-direita hoje", diz Vela sobre Bolsonaro. Segundo o petista, alguns postulantes à prefeitura até se utilizam do nome do ex-presidente, mas não são radicais como ele. Em 2022 e 2018, Bolsonaro ganhou a disputa na cidade no primeiro e no segundo turno.
PT de olho no interior
O partido de Lula deve ter nome em 120 das 645 disputas por prefeitura no estado. Araraquara, Campinas, Campo Limpo Paulista e São José dos Campos são alguns dos municípios nos quais a legenda deve ter representantes na disputa. A meta é brigar pelas cidades grandes do estado.
PT também pretende apresentar candidatos a comando de municípios na região metropolitana de São Paulo. Cajamar, Franco da Rocha e Santo André são alguns deles. Dentro do partido, existe a ambição de retomar a presença forte nessas cidades e recriar o cinturão petista no entorno da capital.
Na cidade de São Paulo, a expectativa é aumentar o número de vereadores. Hoje, a Câmara Municipal conta com oito petistas. É a maior bancada da casa. A segunda maior é a do PSDB, com sete integrantes. Mas há a expectativa de que alguns tucanos deixem a legenda até o fim da janela de transferência partidária, em abril.
Dentro do partido, é consenso que a disputa na cidade de São Paulo não vai ser fácil. Petistas esperam eleição polarizada com Nunes, que deve ter o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. Eles contam com presença de Lula e o histórico de boas votações nas zonas leste e sul para vencer.
O desafio geral é de construir candidaturas mais plurais e menos polarizadas.
Maurici (PT), deputado estadual, sobre o desempenho esperado no estado