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Fim de janela partidária muda secretários de Nunes e encolhe o PSDB em SP

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) é pré-candidato à reeleição em São Paulo Imagem: Gabriel Silva - 4,abr.24/Ato Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

06/04/2024 04h00Atualizada em 08/04/2024 15h16

Com o fim do prazo para desvinculação de ocupantes de cargos públicos que querem se candidatar, seis secretários de Ricardo Nunes deixaram seus postos na Prefeitura de São Paulo e o PSDB viu toda sua bancada na Câmara Municipal migrar para outros partidos.

O que aconteceu

Janela partidária foi encerrada ontem (5). Aberto em 7 de março, o período é concedido pela Justiça Eleitoral para que vereadores eleitos possam mudar de partido sem perder o mandato e para aqueles que ocupam cargos no Poder Executivo — como secretários municipais — deixem seus postos caso queiram disputar as eleições.

Três secretários do governo Nunes (MDB) deixaram os cargos para tentar vaga na Câmara em 2025. São eles: Aline Torres (Cultura), Carlos Bezerra Júnior (Assistência e Desenvolvimento Social) e Elza Souza (Segurança Urbana). Elas vão concorrer pelo MDB. Ele deixou o PSDB e foi para o PSD. As exonerações foram publicadas ontem no Diário Oficial.

Dois ex-presidentes de órgãos da administração municipal também deverão se candidatar. Cesar Azevedo (SP Urbanismo) será candidato a vereador pelo União Brasil. Já Alexandre Silva (Fundação Paulistana de Educação e Tecnologia) disputará a Prefeitura de Jundiaí pelo Solidariedade.

Outros três secretários saíram de seus atuais cargos, mas não deverão disputar as eleições. Marcos Gadelho (Urbanismo e Licenciamento) pediu para ser afastado por razões pessoais. Já Eunice Prudente (Justiça) substituirá Aline Cardoso (Desenvolvimento Econômico e Trabalho), que fará parte da campanha de Nunes à reeleição. Segundo o prefeito, Aline também ajudará na construção do seu plano de governo.

Havia a expectativa de que Nunes usasse as trocas no secretariado para acomodar partidos aliados. O prefeito, entretanto, preferiu fazer mudanças internas, promovendo secretários-adjuntos e chefes de gabinetes. Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para a vice de Nunes, o coronel Mello Araújo (ex-Rota) era um dos cotados para assumir a Segurança Urbana, mas o plano não foi adiante.

Eleições também geraram trocas no secretariado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Sonaira Fernandes (PL), de Políticas para a Mulher, dará lugar à deputada estadual Valéria Bolsonaro, do mesmo partido. Gilberto Nascimento Jr. (PSC) deixou o cargo, mas seu sucessor não definido ainda. Ambos são vereadores licenciados e concorrerão novamente ao cargo. Sonaira também é cotada para ser vice de Nunes.

Com a indicação de Valéria Bolsonaro, Tarcísio mantém uma representante do bolsonarismo na pasta. A deputada estadual adotou o sobrenome porque é casada com um primo distante do ex-presidente e mantém boas relações com o governador e a primeira-dama Cristiane Freitas. Ela encampou propostas como o Escola Sem Partido e críticas à educação sexual.

Trocas esvaziam PSDB

A atual bancada de vereadores do PSDB foi reduzida a zero em São Paulo. Oito nomes eleitos em 2020 migraram para outros partidos durante a janela partidária. São eles: Aurélio Nomura (PSD), Beto do Social (Podemos), Fábio Riva (MDB), Gilson Barreto (MDB), João Jorge (MDB), Rute Costa (PL), Sandra Santana (MDB) e Xexéu Trípoli.

É a primeira vez na história do partido que o PSDB fica sem representante no Legislativo paulistano. Desde 1988, quando foi fundada, a legenda sempre teve vereadores na Casa.

Debandada ocorreu após direção paulistana do PSDB rechaçar apoio a Nunes. Uma candidatura própria na disputa ou uma composição com Tabata Amaral (PSB) ou outro candidato são os caminhos mais prováveis para o partido nas eleições de 2024. A sigla filiou o apresentador José Luiz Datena (PSDB) anteontem, mas ainda não definiu qual será o papel dele na disputa.

Os agora ex-tucanos entendem que a gestão Nunes é uma continuidade do governo Bruno Covas (PSDB), morto em 2021. O prefeito manteve no segundo escalão do governo secretários e aliados escolhidos por Covas. Para eles, é natural, portanto, apoiar a reeleição de Nunes.

Racha interno em razão das eleições de São Paulo se estende há quase um ano. Em julho de 2023, membros do partido já relatavam a existência de tensões entre aqueles que à época integravam o diretório municipal (e apoiavam Nunes) e os membros do diretório estadual e da executiva nacional (contrário à ideia).

MDB turbinado e trocas no PSOL e PSB

A debandada do PSDB fortaleceu o partido do prefeito. Além de quatro ex-tucanos, o partido de Nunes filiou Paulo Frange (ex-PTB) e Sidney Cruz (ex-Solidariedade).

Com as mudanças, o MDB se torna a maior bancada do Legislativo paulistano, com 10 vereadores. O PT aparece na vice-liderança, com 9 representantes. Em 2020, PSDB e PT elegeram as duas maiores bancadas, com 8 políticos cada partido.

Com a bancada maior e Nunes concorrendo à reeleição, o partido tentará turbinar o número de cadeiras na Câmara. Em 2020, o MDB elegeu apenas três vereadores nas eleições de 2020.

O PSOL, do pré-candidato Guilherme Boulos, recebeu filiados que eram do PSB, de Tabata Amaral — adversária na corrida pela prefeitura. Na última semana, Edinho Santana e Leonardo Grandini se tornaram psolistas — o evento de filiação contou com a presença de Boulos.

Adriano Santos, que era vereador pelo PSB, trocou de lado no início da janela partidária e se filiou ao PT — que apoia Boulos. Ao UOL ele disse que o PT está mais próximo do que ele acredita e de sua "ideologia política".

No caminho inverso, Jussara Basso trocou o PSOL pelo PSB. Ex-militante do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), ela assumiu a vaga do PSOL na Câmara após Erika Hilton (PSOL) ser eleita deputada federal em 2022. "Os eleitores estão mais preocupados com propostas do que com uma disputa individual ou vinculada a determinados nomes", disse ao UOL.

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