Vereadora troca Boulos por Tabata: 'Querem polarização onde não existe'

"Há uma tentativa de criar uma polarização onde não existe, e é ruim para os eleitores", afirmou a vereadora Jussara Basso. Ela trocou o PSOL, de Guilherme Boulos, pelo PSB, de Tabata Amaral. Ambos são pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo.

O que aconteceu

"Os eleitores estão mais preocupados com propostas do que com uma disputa individual ou vinculada a determinados nomes", afirma Jussara. A declaração é uma referência à expectativa de que a polarização nacional entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL) se reflita em uma concentração de votos em Boulos e Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo.

A vereadora acredita que o cenário não vai se repetir na capital paulista. "Apesar da polarização, acredito que a Tabata não terá dificuldades em se posicionar como candidata", disse.

Boulos (30%) e Nunes (29%) estão empatados tecnicamente nas intenções de voto, segundo a última pesquisa Datafolha. Tabata aparece em terceiro lugar, com 8% das intenções de voto. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

No PSOL há quatro anos, Jussara também integrou o MTST —berço político de Boulos. Ela se desvinculou do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto em 2021, por discordar de posicionamentos internos. Em seu perfil na Câmara, a sua saída do movimento é justificada por "discordâncias em relação ao lugar de subordinação no qual mulheres pretas são colocadas diante de uma estrutura comandada por homens brancos".

Dentro do partido, a vereadora diz que manteve postura "independente". Com Erika Hilton eleita como deputada federal em 2022, ela assumiu a vaga de vereadora em São Paulo naquele ano. Mas o mais comum era ver outras vereadoras —como Luana Alves e Elaine do Quilombo Periférico— representando o partido nas discussões da Casa.

A política não é uma ciência exata e precisa ser mais humanizada.
Jussara Basso (PSB-SP), vereadora

Posições ideológicas

Outro vereador, Adriano Santos, fez praticamente o caminho inverso. Ele saiu do PSB e se filiou ao PT, que apoia a candidatura de Boulos. "Minha mudança aconteceu porque o PT está mais próximo do que eu acredito, da minha ideologia política", afirmou ao UOL.

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Ele assumiu o cargo após o ex-vereador Camilo Cristófaro (PSB) ter o mandato cassado por racismo. O primeiro suplente faleceu, e Santos era o próximo para assumir a vaga.

O vereador afirmou que foi filiado ao PT quando era jovem. Em 2020, ele decidiu ir para o PSB para entender se tinha "capital político" para disputar as eleições em 2024. "A gente não fica confortável em uma legenda que não tem identidade ideológica", afirma. Ele diz contar com o apoio do deputado federal Rui Falcão (PT).

"Essa união em prol da democracia e da classe trabalhadora é importante", afirma ele sobre a união do PT com o PSOL. O Partido dos Trabalhadores não lançou candidatura própria por causa de um acordo com o PSOL. O combinado era que o partido indicasse quem seria o vice da chapa de Boulos. A ex-prefeita Marta Suplicy foi a escolhida e voltou ao PT depois de nove anos fora da legenda.

Janela partidária

A troca de partido é autorizada pela legislação eleitoral durante a janela partidária. Esse período começou em 7 de março e acaba em 5 de abril. "É considerada uma justa causa para a desfiliação partidária, se feita dentro desse período de 30 dias antes do prazo final para filiação", diz o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Vereadores de outros partidos também fizeram trocas. É o caso do vereador Thammy Miranda, que saiu do PL e foi para o PSD. Nesse caso, os dois partidos apoiam a reeleição de Nunes.

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Há expectativa também de que vereadores do PSDB migrem para o MDB ou outros partidos da base do governo.

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