PF descobre nova venda de joia que seria de Bolsonaro e prorroga inquérito
O diretor-geral da PF (Polícia Federal), Andrei Passos Rodrigues, afirmou nesta terça-feira (11) que o órgão encontrou indícios de que mais uma joia recebida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria sido negociada nos Estados Unidos. Com a descoberta, o inquérito sobre o caso vai se estender, com conclusão prevista ainda para junho.
O que aconteceu
Nova joia teria sido negociada nos EUA e foi descoberta após viagem de investigadores ao país. De acordo com o diretor-geral, a joia foi descoberta em diligências realizadas em conjunto pela PF e pelo FBI nos Estados Unidos no mês passado.
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Este novo elemento reforça as suspeitas contra Bolsonaro e robustece ainda mais a investigação, na avaliação da PF. O caso já estava sendo finalizado, mas a conclusão foi adiada com a descoberta. A previsão é que o inquérito seja encerrado ainda neste mês.
A PF investiga se Bolsonaro ficou com parte do dinheiro de joias que ele recebeu em viagens oficiais e depois foram vendidas nos Estados Unidos. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também é investigada.
O diretor afirmou que não sabe o paradeiro atual da nova joia descoberta. "Eu de fato não sei se já foi vendida ou não foi, se está na casa de joias [onde a PF fez diligências nos EUA]", disse ele.
Esse foi um dos fatores que levou a avançar uma semana, dez dias para concluir. Essa diligência no exterior, com nossa equipe e equipe do FBI, localizou que além dessas joias que já sabíamos, houve a negociação de uma outra joia que não estava no foco dessa investigação. Não sei se já foi vendida ou não foi. Houve o encontro de um novo bem vendido ou tentado ser vendido no exterior.
Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF
Outros inquéritos devem terminar até agosto
O diretor-geral participou de um café da manhã com jornalistas nesta terça. Passos Rodrigues tratou dos principais casos envolvendo o ex-presidente.
Segundo o diretor, o inquérito que investiga a fraude no cartão de vacinação do ex-presidente e seus auxiliares também deve ser encerrado em junho. A primeira conclusão deste caso, que inclui informações da delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, foi apresentada em março, com o indiciamento do ex-presidente e de mais 16 pessoas. No entanto, a investigação voltou à PF por ordem da PGR (Procuradoria-Geral da República), que pediu mais informações e diligências.
Este caso também está aguardando informações de autoridades americanas. Cid revelou que falsificou os documentos de vacinação de Bolsonaro e de sua filha mais nova, que é menor de idade. Mas a PF quer saber se o ex-presidente efetivamente apresentou a carteira ao entrar no país no fim de 2022.
Na sequência, a PF deve concluir outras duas investigações: sobre tentativa de golpe de Estado e sobre espionagem na Abin. A primeira se refere à minuta de golpe elaborada em 2022 que previa intervenção no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para impedir a posse do presidente eleito em outubro, Lula (PT). O diretor-geral da PF deu estimativa de que este caso seja concluído em julho.
A segunda investigação, sobre espionagem na Abin, deve ser concluída até agosto. O inquérito investiga o uso da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência para monitorar desafetos de Bolsonaro durante seu governo.
Andrei Passos Rodrigues afirmou que a PF está negociando um acordo de colaboração premiada com investigados neste último inquérito. É a primeira vez que o diretor-geral expõe a tratativa, sem dar mais detalhes.
Expectativa é como eu sempre digo: o tempo da política é um, do jornalismo é outro e o da investigação é muito peculiar. Estimo na nossa expectativa de que no mês de junho a gente finalize as duas investigações (joias e vacinação) e no mês de julho finalize a investigação sobre golpe (...) Há essa finalização sem prejuízo de que o fruto desse trabalho todo haja desdobramento.
Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF