Ao UOL Lula diz que Bolsonaro tentou golpe, mas merece ser ouvido

O presidente Lula (PT) afirmou em entrevista ao UOL nesta quarta-feira (26) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou dar um golpe de Estado para se manter no cargo, mas que ele merece ser ouvido nos casos em que está sendo investigado pela PF (Polícia Federal).

O que aconteceu

O presidente deu entrevista ao UOL nesta manhã. Lula falou com os colunistas Carla Araújo e Leonardo Sakamoto no Palácio do Planalto.

Lula disse acreditar que Bolsonaro tenha tentado dar um golpe, mas defendeu a presunção de inocência para o rival. O presidente, que foi condenado na Operação Lava Jato e ficou preso em Curitiba por um ano e sete meses, afirmou que não teve seus direitos respeitados à época.

O que eu defendo para ele eu defendo para mim: que ele tenha direito à presunção de inocência, que ele tenha direito de se defender e que ele seja ouvido. É só isso que eu defendo, era o que eu queria para mim, porque eu não tive. Você sabe que eu fui condenado, e o crime que eu cometi foi fato indeterminado. (...) Então eu não quero que ele seja condenado, que ele seja inocentado, eu quero que ele seja julgado corretamente, com direito de defesa, e que prevaleça aquilo que a Justiça encontrar, sabe? Que ele tentou dar o golpe, tentou, isso é visível, sabe? É visível.
Presidente Lula, ao UOL

Se Bolsonaro recebeu joias de presente em viagens oficiais, Lula afirmou que "tem coisa errada". "Se o cara ganhou joia, joia não é presente de um presidente para o outro. Com joia, tem alguma coisa errada", disse o petista.

Como eu defendo a presunção de inocência, quero que ele [Bolsonaro] seja julgado da forma mais correta possível. Eu quero que o veredito seja em função do crime que ele cometeu. Eu não desejo mal para nenhum adversário. Eu não desejo evitar disputa política de nenhum adversário. Eu quero que dispute. O povo é que julga.
Presidente Lula, ao UOL

Bolsonaro pode ser indiciado

A PF deve indiciar Bolsonaro nos próximos dias. Os inquéritos se referem aos caso das joias da Arábia Saudita, recebidas pelo ex-presidente e posteriormente vendidas por seus auxiliares, e das fraudes nos cartões de vacinação de Bolsonaro, sua filha caçula e assistentes.

O ex-presidente já havia sido indiciado em março pelo caso da vacinação, mas o procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou o aprofundamento da investigação. O inquérito apontava crimes como inserção de dados falsos em sistemas de informação, falsidade ideológica e associação criminosa.

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O indiciamento é a indicação de que, ao concluir o caso, a PF entendeu que há indícios de crime. A próxima etapa é mandar para o Ministério Público avaliar se há indícios para denunciar o investigado. Se houver a denúncia, ela será analisada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Bolsonaro ainda é investigado pela PF em outros dois casos. O primeiro se refere à minuta de golpe elaborada em 2022 que previa intervenção no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para impedir a posse de Lula. A estimativa da PF é de que esse caso seja concluído em julho.

A segunda investigação, sobre espionagem na Abin, deve ser concluída até agosto. O inquérito investiga o uso da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência para monitorar desafetos de Bolsonaro durante seu governo. Esse caso também deve ser concluído entre julho e agosto.

Bolsonaro foi intimado pela PF a depor no caso das joias, mas ficou em silêncio. O ex-presidente nega que soubesse da venda dos itens de luxo. Ele também nega ter recebido uma minuta de golpe que impediria a posse de Lula após a eleição de 2022.

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