EUA não sabem se Bolsonaro entrou no país com cartão de vacinação, diz PF

A Polícia Federal disse ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, que o Departamento de Justiça dos EUA não sabe se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus auxiliares apresentaram algum cartão de vacinação contra a covid-19 ao entrar no país após as eleições de 2022.

O que aconteceu

Relatório de hoje complementa investigação. A PF apresentou nesta quinta (18) resultado de diligências complementares sobre fraudes em cartão de vacinação envolvendo o ex-presidente e seus auxiliares. Informações havia sido solicitadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República).

PF pede para desmembrar inquérito. A Polícia Federal identificou que esquema de fraudes foi além do ex-presidente. No celular da chefe de vacinação de Duque de Caxias (RJ) foram encontrados diálogos que indicam que outras pessoas teriam utilizado o esquema. Diante disso, foi pedido para separar a investigação envolvendo estas pessoas do inquérito contra o ex-presidente.

PF indiciou Bolsonaro em março. Investigadores encontraram indícios de que o ex-presidente teria cometido os crimes de associação criminosa e introdução de dados falsos em sistema público. Após apresentar o relatório, porém, a Procuradoria-Geral da República pediu que fossem tomadas novas medidas investigativas.

Faltava a resposta das autoridades norte-americanas. A PF investigou o episódio em cooperação internacional com autoridades dos Estados Unidos, mas havia concluído o inquérito antes de receber a resposta definitiva sobre se Bolsonaro havia entrado no país com cartão de vacinação. Agora, a PF apresentou a Moraes a resposta, com registros de entrada e saída de Bolsonaro e outros investigados entre janeiro de 2021 e março de 2023.

Importante ressaltar que o Departamento de Justiça americano (DOJ) relatou que o U.S. Customs and Border Protection (CBP) não possui registros se os investigados supramencionados apresentaram comprovantes de vacinação contra a covid-19. Da mesma forma, os registros de controle de entrada e saída do território americano não trazem as informações se os investigados alegaram que foram vacinados ou que estavam isentos de apresentarem requisitos de vacinação.
Trecho de relatório da PF encaminhado nesta quinta-feira ao STF

Cabe à PGR analisar o material e decidir se denuncia ou não o ex-presidente. O indiciamento anterior de Bolsonaro e outros investigados está mantido.

Entenda o caso

O caso dos dados de vacinação de Bolsonaro envolve cinco indiciados. São eles: o ex-presidente, os ex-assessores Max Guilherme Machado e Sérgio Rocha Cordeiro, o ex-secretário de governo de Duque de Caxias (RJ) João Carlos de Souza Brecha e o ex-major do Exército Ailton Barros.

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Grupo falsificou dados de vacinação do ex-presidente e da filha dele, Laura. Segundo a PF, também foram falsificados os dados dos dois ex-assessores —Machado e Cordeiro — para que todos pudessem viajar aos Estados Unidos em dezembro de 2022, nos últimos dias de governo. Nesse episódio, o ex-secretário de Duque de Caxias inseriu no sistema do Ministério da Saúde a informação falsa de que Bolsonaro tomou duas doses da vacina na cidade. Esse contato, segundo a PF, foi mediado por Barros, que era próximo do ex-presidente.

Bolsonaro teria conhecimento da falsificação do documento e orientou Mauro Cid, seu ajudante de ordens, para cuidar disso. "Os elementos de prova coletados ao longo da presente investigação são convergentes em demonstrar que Jair Messias Bolsonaro agiu com consciência e vontade determinando que seu chefe da Ajudância de Ordens intermediasse a inserção dos dados falsos de vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde em seu benefício e de sua filha", aponta a PF.

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