Lula divulga perfis em redes sociais em meio à ameaça de suspensão do X

O presidente Lula (PT) divulgou os links das suas outras redes sociais no X (antigo Twitter), em meio às ameaças de suspensão da rede social, após determinação do STF (Supremo Tribunal Federal).

O que aconteceu

Na noite de quarta (28), o ministro Alexandre de Moraes determinou que a empresa aponte um representante no Brasil em 24 horas ou o X sairá do ar. A intimação foi feita por meio de uma rede social porque, como a empresa saiu do Brasil no dia 17 de agosto, o tribunal não conseguiu contato com o X e usou a própria rede para publicar a intimação. O prazo acaba nesta noite.

Lula não comentou a questão. O presidente às vezes faz críticas públicas ao dono do X, o bilionário Elon Musk, apoiador da extrema direita, mas desta vez se contentou em apenas divulgar link para outras redes.

Marco Civil da Internet exige que as empresas tenham um representante legal no país. Iniciativa do ministro ocorre em meio às eleições municipais, nas quais várias campanhas utilizam a rede X para fazer suas divulgações.

Entenda a briga

A empresa atribuiu a Moraes responsabilidade pelo fim das operações no país. Em nota divulgada no dia 17, o X disse que o ministro ameaçou seu representante legal no Brasil de prisão, caso a empresa não cumprisse "ordens de censura". O STF não se manifestou à época.

O próprio Musk é alvo de investigação no Brasil. Dono da empresa foi incluído no inquérito do STF que investiga milícias digitais e também é alvo de inquérito que apura suspeita de obstrução de Justiça, organização criminosa e incitação ao crime.

Além disso, a rede social tem recursos aguardando para serem julgados. Antes do fechamento do escritório no Brasil, o X era representado por advogados no STF e chegou a recorrer de algumas decisões de Moraes. Os casos tramitam sob sigilo. Companhia ainda tem decisões a serem cumpridas e multas pelo descumprimento de determinações judiciais pendentes de pagamento também.

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Tudo começou em abril. Musk afirmou que o ministro estava promovendo a "censura" no Brasil e ameaçou não cumprir medidas judiciais que restrinjam o acesso a perfis da plataforma. O empresário foi incluído no inquérito das milícias digitais do STF, relatado por Moraes.

Em resposta a um seguidor, o bilionário chegou a chamar o ministro de "Darth Vader do Brasil". O personagem, que é o mais famoso vilão da série de filmes Star Wars, serve ao Império Galático, ajudando a manter a galáxia em repressão. Dois meses depois, Musk voltou a criticar Moraes por decisões judiciais em que o magistrado determinava a retirada de conteúdos ou perfis do ar.

O que diz a lei

Mesmo sendo estrangeiras, big techs devem respeitar legislação no Brasil. Pelo Marco Civil da internet, que regulamenta as atividades na internet no Brasil, as empresas são obrigadas a atender às determinações da Justiça no país, uma vez que operam e até geram receita com as páginas no país.

Empresas que administram serviços de internet no Brasil devem "atender todas as ordens e decisões judiciais", argumentou Moraes em abril. Na decisão que mandou investigar Musk, o ministro do STF ressaltou a responsabilidade das empresas que operam as plataformas no país.

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