PF já sabia de acusações sobre Silvio Almeida; saiba como será investigação
O UOL apurou que o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos, assim como a cúpula da entidade sabiam desde o início deste ano das suspeitas sobre Silvio Almeida.
Almeida foi demitido do cargo de ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania nesta sexta-feira (6).
Organização que apoia mulheres vítimas de violência sexual, o Me Too Brasil recebeu as denúncias e, na quinta-feira (5), tornou público supostos casos de assédio e importunação sexual contra o ex-ministro.
Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, seria uma das vítimas.
A importunação sexual sofrida por Anielle teria ocorrido no ano passado, segundo fontes da polícia e do governo.
Membros da PF disseram à reportagem, antes da publicação das denúncias pela imprensa, que a investigação só teria início caso houvesse registro formal.
Após a história ser revelada, pressionado pelo governo, Andrei Passos abriu a investigação.
"[Vamos iniciar a investigação] por iniciativa própria. Ainda não recebemos representação", afirmou o delegado-geral à GloboNews.
O diretor-geral confirmou as informações ao UOL.
Na quarta-feira (4), um dia antes de o portal Metrópoles publicar as denúncias, o UOL entrou em contato com o diretor-geral da PF.
Questionado sobre o caso, Andrei Passos afirmou que desconhecia o assunto.
Investigação rápida
Policiais federais de Brasília afirmaram ao UOL que a investigação tem o pedido de ser célere.
Os depoimentos da advogada responsável pelo Me Too Brasil, Marina Ganzarolli, e da ministra Anielle Franco devem ser colhidos assim que possível.
Silvio Almeida também deve prestar depoimento.
A Polícia Federal deve pedir à organização de defesa das mulheres que leve as denunciantes para registrar os depoimentos.
Os policiais que conversaram com o UOL afirmam que condenações sobre violências de cunho sexual são raras no Brasil.
Eles explicam que, quanto maior a materialidade dos fatos, maior a força da investigação.
Segundo o site Metrópoles, a suspeita é a de que o ex-ministro tenha disse "palavras chulas, com conteúdo sexual" à ministra, além de ter tocado nas pernas e dado beijos inapropriados ao cumprimentá-la.
Policiais federais afirmam que a prática relatada é a de importunação sexual, que prevê pena de até cinco anos de prisão, pois ambos tinham o mesmo grau hierárquico no governo.
O assédio sexual, com pena de até dois anos, ocorre quando a posição de poder é utilizada para constranger a vítima no intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual.
Ou seja, para além do crime de importunação sexual contra a ministra, a investigação da PF deve se aprofundar em crimes de assédio sexual contra as outras denunciantes, caso haja relação de poder envolvida.