Delegado diz que tem gratidão por Marielle e foi 'enterrado' em presídio
Ex-chefe da Polícia Civil do Rio, o delegado Rivaldo Barbosa afirmou, nesta quinta-feira (24), que foi "assassinado" e "enterrado no presídio" no dia de sua prisão por suposta participação no assassinato de Marielle Franco e que tem "gratidão" pela vereadora.
O que aconteceu
Delegado presta depoimento ao STF na ação penal sobre o assassinato da vereadora. Em sua fala inicial, ele se exaltou ao relembrar o dia em que foi preso, em março deste ano, e contou sobre como conheceu a vereadora.
Disse que confia na "verdade". Ainda lembrou que conheceu Marielle quando ela era assessora de Marcelo Freixo na Assembleia Legislativa do Rio e afirmou ser grato pela experiência que teve com ela.
Marielle era a responsável por entrar em contato com Rivaldo para repassar informações que chegavam na Alerj sobre mortes em favelas. Segundo o delegado, ela começou a procurar por ele na delegacia de homicídios após um contato inicial de Freixo pedindo apoio na solução dos casos de mortes nas favelas.
No dia 24 de março de 2024 [data da prisão de Rivaldo], eu fui assassinado. Fui assassinado, me colocaram dentro de uma viatura, dentro de um avião, me trouxeram pro presidio federal e me enterraram, é isso o que aconteceu comigo.
Delegado Rivaldo Barbosa, em depoimento ao STF
Perdi 21 kg, meu problema de próstata aumentou, meu problema de depressão aumentou. Mas quero dizer para Vossa Excelência que eu não posso sair daqui sem que a verdade venha, senão estou morto. Se me tirarem daqui e me levarem para casa, vão tirar uma pessoa morta e deixar na casa dela.
Delegado Rivaldo Barbosa, em depoimento ao STF
Boa relação com Marielle, diz delegado
Segundo Rivaldo, não faria sentido vinculá-lo ao assassinato da vereadora. Delegado disse que tinha boa relação com ela e que a experiência e a troca de informações com ela foram importantes para seu crescimento pessoal e profissional.
Rivaldo é acusado de ser o responsável por tramar a morte da vereadora junto com os irmãos Brazão. Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República, os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão foram os mandantes do assassinato e teriam recebido de Rivaldo a garantia de que a investigação do caso não avançaria na polícia do Rio. O delegado assumiu a chefia da Polícia Civil do Estado após a morte da vereadora e, antes disso, chefiou a Delegacia de Homicídios da capital fluminense.
Rivaldo foi o responsável por indicar Giniton Lages para atuar no caso. Em seu depoimento nesta tarde, ele pediu que a Polícia Federal quebre o sigilo e extraia todas as conversas que ele manteve por telefone e aplicativos de mensagens com Giniton e que, segundo ele, desmontariam a tese da acusação. Giniton Lages foi o primeiro investigador do caso e hoje é suspeito de ter tentado obstruir as investigações.
Rivaldo e irmãos Brazão estão presos por ordem do STF. Eles são réus na ação penal movida no STF por possuírem foro privilegiado. A prisão preventiva foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso na Suprema Corte. A elucidação sobre os responsáveis por mandar matar a vereadora era uma das promessas de campanha do presidente Lula.
O interrogatório dos réus é uma das etapas finais da ação penal. O Supremo também já ouviu nesta semana os irmãos Brazão. Encerrada a fase de interrogatórios, o tribunal deve abrir prazo para a manifestação final de cada uma das partes e, depois disso, caberá ao ministro Alexandre de Moraes elaborar sua decisão e levar o caso para julgamento no STF, o que ainda não tem previsão para ocorrer.
Meu trabalho no que diz respeito à receptividade da Marielle era simplesmente fazer o acolhimento das pessoas que a procuravam lá.(...) Uma palavra pode definir [a relação dele com Marielle]: Gratidão. Sou muito grato a Marielle por tudo o que ela proporcionou para o profissional Rivaldo, para a delegacia e para a sociedade como um todo. Meu único sentimento para ela é gratidão.
Delegado Rivaldo Barbosa, em depoimento ao STF
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