Tarcísio leiloa primeiro lote de construção de escolas sob protesto em SP

O consórcio Novas Escolas Oeste SP, formado pela Engeform e o fundo Kinea, venceu o leilão para construção e administração de 17 escolas estaduais. O grupo sugeriu contraproposta mensal de R$ 11,99 milhões, que começará a ser paga pelo estado após a entrega das unidades, prevista para meados de 2026.

O que aconteceu

O critério para escolha, segundo o edital, era da empresa que oferecesse o menor preço. O teto estiputado pelo governo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) para os lances era de R$ 15,2 milhões ao mês. Foram recebidas no total cinco propostas de consórcios. No próximo dia 4, será a vez do bloco leste, responsável por 16 unidades de ensino.

As empresas ficarão responsáveis pela manutenção das escolas, os serviços de limpeza, vigilância e alimentação. A parte pedagógica, como material didático e o planejamento escolar, continuará sob responsabilidade da Secretaria de Educação, diz o governo.

A Engeform é sócia da Consolare, empresa que administra sete cemitérios na capital paulista. A concessão dos espaços é alvo de críticas de diferentes órgãos de fiscalização, como o TCM (Tribunal de Contas do Município), e serviu de munição a adversários do prefeito reeleito Ricardo Nunes (MDB) na campanha eleitoral.

Tarcísio elogiou o processo e classificou a decisão como "moderna". "É interessante falar 'estão privatizando as escolas'. Privatizando o que se não existem, se elas [as escolas] vão ser construídas do zero", disse o governador, em referência a críticas da oposição. É a primeira vez que o modelo chega às escolas estaduais paulistas — especialistas afirmam que o formato pode abrir espaço para a privatização completa das unidades de ensino.

Estudantes e o sindicato dos professores protestaram contra a privatização do lado de fora da Bolsa. Acesso ao local foi bloqueado aos manifestantes, que levaram cartazes com dizeres como "minha escola não está a venda" e "vender escola é vender estudantes".

O governo pagará ao longo de todo o contrato R$ 3,38 bilhões para o consórcio vencedor. Segundo as regras, as empresas também podem arrematar o lote que será leiloado na próxima semana. A concessão das escolas é de 25 anos.

A expectativa é abrir cerca de 17 mil matrículas para alunos dos ensinos fundamental e médio para este lote. As escolas seriam construídas em municípios como Campinas, Diadema, Guarulhos, São José dos Campos e Suzano. É esperado um investimento de R$ 2,1 bilhões para as 33 escolas.

Fiscalização dos serviços caberá à Arsesp. A Agência Reguladora de Serviços Públicos é o órgão que fiscaliza as concessões no estado. "Uma nota de desempenho será calculada com base em indicadores de qualidade de serviços como alimentação, vigilância, limpeza e internet", diz a gestão Tarcísio. A comunidade escolar também será ouvida, segundo a administração estadual.

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Leilão deu início a "maratona" de avanço da iniciativa privada em áreas diversas. Série de contratos de concessão prevê que serviços que hoje estão sob responsabilidade do governo estadual passarão à iniciativa privada — como aconteceu com a Sabesp. No início do seu discurso, Tarcísio disse que é "bom ser um habitué" na Bolsa de Valores.

Caso a empresa receba uma nota baixa para qualquer um dos indicadores de desempenho, a remuneração será reduzida. No caso de acúmulo de avaliações ruins, serão aplicadas sanções, podendo culminar até na rescisão do contrato.
Governo de São Paulo

Protesto contra o leilão do primeiro lote da parceria público-privada para escolas estaduais de São Paulo em frente ao prédio da B3
Protesto contra o leilão do primeiro lote da parceria público-privada para escolas estaduais de São Paulo em frente ao prédio da B3 Imagem: BRUNO ESCOLASTICO/E.FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Quais são os outros leilões

Na quarta (30) ocorre o leilão da Rota Sorocabana, que prevê 460 quilômetros de 12 rodovias. É previsto um investimento de R$ 8,8 bilhões. O projeto prevê duplicação de rodovias, faixas adicionais e nova iluminação.

No dia 1º é a vez do leilão da loteria estadual. Segundo o governo, as empresas interessadas devem ter experiência de pelo menos 12 meses e arrecadação mínima de R$ 134 milhões. "O objetivo é garantir a idoneidade e a capacidade dos participantes em entregar um serviço de qualidade, evitando a entrada de 'aventureiros'", diz a gestão Tarcísio.

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O governo prevê uma arrecadação de R$ 3,4 bilhões em 15 anos de concessão. O pregão atraiu dois consórcios de empresas interessadas, de acordo com reportagem da Folha de S. Paulo. O primeiro proponente foi o consórcio Aposta Vencedora, e o segundo foi o SP Loterias.

Em 28 de novembro está previsto o leilão da Nova Raposo. O objetivo é conceder 93 quilômetros de estrada para a iniciativa privada por 30 anos. O projeto inclui alargamento das pistas, construção de túnel, três viadutos e pistas marginais.

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