Tales: Declaração de Janja iguala atual governo a Bolsonaro
Colaboração para o UOL
17/11/2024 18h53
Ao xingar Elon Musk, dono do X, a primeira-dama Janja da Silva iguala o governo Lula (PT) ao governo Bolsonaro, que "saía falando palavrões por aí", criticou o colunista Tales Faria no UOL News da tarde deste domingo (17).
Em evento paralelo ao G20, Janja chamou a atenção por falas polêmicas. Além de xingar Musk, ela disse que o autor do atentado a bomba em Brasília foi um "bestão que acabou se matando". As gafes dela irritaram e incomodaram membros do governo Lula no último sábado (16).
Pegou muito mal. Do ponto de vista diplomático e estratégico, foi uma gafe monumental. É um absurdo fazer isso. Depois, o próprio presidente disse que não faz sentido não se deve xingar ninguém, dando uma indireta para a própria Janja.
O pior de tudo não é só o mal-estar que cria com os Estados Unidos, mas tivemos um presidente, o Jair Bolsonaro, que saía falando palavrões, a torto e a direito. O Bolsonaro falava palavrões, era constrangedor. Mesmo o Lula, que é um sujeito mais de papo de bar, tranquilo e espontâneo, evita falar palavrões. Vem a primeira-dama e iguala ao Bolsonaro. Acaba igualando esse governo ao governo Bolsonaro. Na boca da primeira-dama é uma tragédia absoluta.
Do ponto de vista da estratégia diplomática é um absurdo. Do ponto de vista da política local, é pior ainda, porque iguala o atual governo ao presidente anterior que vivia falando palavrões por aí.
Jamil: Janja deu presente de Natal antecipado para extrema direita mundial
Janja deu um "presente" de Natal adiantado para a extrema direita de todo o mundo ao ofender publicamente Elon Musk, dono do X, analisou o colunista Jamil Chade no UOL News da tarde deste domingo (17).
A gente sabe que o que aconteceu foi um presente de Natal antecipado que a primeira-dama deu para a extrema direita mundial, não só para a extrema direita brasileira. Ela deu um presente em uma semana que o tema central é o atentado à bomba na Praça dos Três Poderes.
Ela deu de bandeja a oportunidade para que a extrema direita vire essa história e não queira falar de mais nada a não ser a grosseria da primeira-dama.
Segundo o colunista, o governo tentará colocar panos quentes na situação, dizendo que foi uma fala "isolada". As gafes dela irritaram e incomodaram membros do governo Lula no último sábado (16).
A tentativa do Palácio do Planalto quanto do Itamaraty é dizer que: 'Essa não é a posição do presidente Lula e dos diplomatas brasileiros. Essa é uma posição isolada'. O que a extrema direita vai fazer é utilizar para sempre essa fala.
Janja disse "Fuck you, Elon Musk"
Janja mandou Musk 'se f*' em inglês. A declaração foi dada durante painel voltado à ampliação da participação de atores não governamentais nas atividades e nos processos decisórios do G20.
"Eles vão perder a próxima eleição", respondeu Musk em inglês. A mensagem foi publicada às 18h27 em sua conta no X, acompanhada de dois emoticons com sorrisos. Em outro tuíte, o empresário compartilhou o vídeo com a fala de Janja.
Fala aconteceu quando Janja fazia crítica a fake news. "Não é mais possível a gente viver nesse mundo digital de desinformação", disse a primeira-dama, que lembrou o impacto do problema na tragédia climática do Rio Grande do Sul e em outras situações.
Buzina de navio foi gancho para xingamento em inglês. Som interrompeu fala de Janja, que emendou no ato: "deve ser o Elon Musk". "Eu não tenho medo de você", disse ela em seguida — antes de xingar o sul-africano.
Musk é dono do X (antigo Twitter). A plataforma é apontada hoje como um dos principais ambientes digitais de difusão de desinformação. Além dela e da SpaceX, o empresário tem outras empresas de tecnologia e em outras áreas.
Na quinta (14), Janja defendeu a taxação de bilionários como Musk. Segundo a primeira-dama, super-ricos devem "contribuir para o desenvolvimento do mundo". A fala se deu durante um debate que precedeu a agenda de atividades do G20.
Trevisan: Milei é o 1º dos 'Trumpzinhos' pelo mundo e pode criar confusão
O professor de relações internacionais Leonardo Trevisan, da ESPM, afirmou, durante o UOL News deste domingo (17), que o presidente da Argentina, Javier Milei, pode causar problemas por querer ser um dos "Trumpzinhos" no cenário político internacional.
Segundo o professor, ele acelerou esse "processo" após a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos.
Me parece que, de alguma forma, Milei já tinha um objetivo a cumprir. Ele não começou a criar problemas com essa visão anti globalista agora. Nas discussões da Organização dos Estados Americanos e do Mercosul, ele criou problemas. Nesse quadro, a gente precisa olhar que ele acelerou o processo. Quando ele acelera o processo? Exatamente quando Trump ganha.
Temos que entender que, de alguma forma, Milei está falando com procuração. Ele está nominando aquilo que são os interesses de Trump e daquilo que ele já chamou os dois líderes máximos do mundo: Trump e ele mesmo.
Milei é o primeiro dos 'Trumpzinhos' que nascem. Ele é o primeiro. Não nos enganemos sobre isso. Milei está se esforçando para ser o primeiro intérprete, aquele que fala mais rápido.
Para Milei, ele se apresenta em um contexto latino-americano como intérprete e isso tem relevância. Ele pode criar confusão? Pode. Ele pode roubar a cena no ato final? Pode. Ele vai conseguir. Quem tem a resposta, quem sabe, é Emmanuel Macron, que fez um desvio na viagem dele e foi para a Argentina.
O que aconteceu
A Argentina tem provocado embates nas discussões dos grupos de trabalho do G20. O país se recusou a assinar dois documentos prévios, um sobre igualdade de gênero e outro que abordava o desenvolvimento sustentável.
Até países onde mulheres têm menos liberdade, como Arábia Saudita e Indonésia, assinaram o documento. Já a Argentina decidiu não endossar a declaração conjunta de última hora, porque não queria discutir a definição de gênero.
Especialistas não descartam que a Argentina possa se negar a assinar a declaração final do G20 —o que seria considerado uma ofensa diplomática ao Brasil. Na última quarta (13), Milei determinou que a Argentina abandonasse a COP29, a conferência do clima da ONU, no Azerbaijão.
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