CNJ afasta juiz citado pela PF em inquérito de tentativa do golpe de Estado
O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) afastou na noite desta quarta-feira (27) o juiz federal Sandro Nunes Vieira. Segundo a PF, ele auxiliou de forma ilegal o PL, de Jair Bolsonaro, a elaborar um relatório que questionava as urnas eletrônicas.
O que aconteceu
Corregedor nacional de Justiça tomou a decisão após ser comunicado pelo STF. Mauro Campbell recebeu um ofício do Supremo detalhando as suspeitas levantadas pela PF contra o juiz federal Sandro Nunes Vieira, que atua na 1ª Vara Federal de Paranaguá (PR) e que chegou a atuar no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) entre 2019 e agosto de 2022. O CNJ confirmou o afastamento por meio de nota. A informação foi revelada pela colunista Bela Megale, do Globo.
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O UOL tenta contato com defesa do juiz. O espaço está aberto a manifestações.
PF encontrou nome do juiz em trocas de mensagens entre investigados por tentativa de golpe. Investigadores conseguiram recuperar mensagens apagadas no aparelho do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, que mostram que o relatório do Instituto Voto Legal, que embasou a ação do PL no TSE para pedir uma "verificação extraordinária" das urnas, contou com apoio do juiz federal para ser produzido.
Na época em que foi divulgada a ação do PL, em novembro de 2022, o próprio Valdemar Costa Neto chegou a citar o magistrado. Na época, o presidente do PL disse à imprensa ter conversado com o juiz. Na ocasião, o magistrado chegou a divulgar nota negando o fato, mas mensagens recuperadas pela PF mostram que o próprio juiz tinha pedido a Valdemar que não citasse o nome dele ao falar. Para a PF, os fatos indicam que houve a ajuda ilegal do juiz ao partido.
O corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell, determinou o afastamento cautelar do juiz federal da 4ª Região Sandro Nunes Vieira, citado no relatório da Polícia Federal relativo ao inquérito do Supremo Tribunal Federal que investiga tentativa de golpe de Estado. O caso tramita sob sigilo. A decisão ocorreu após o Conselho Nacional de Justiça receber ofício do Supremo Tribunal Federal sobre a conduta do magistrado.
Nota do CNJ sobre afastamento de juiz federal
Os elementos probatórios identificados pela investigação demonstram que Sandro Nunes Vieira atuou de forma ilegal e clandestina ao assessorar o Partido Liberal na representação eleitoral contra as urnas eletrônicas.
Trecho do relatório final da PF que indiciou Bolsonaro e outros 36 por tentativa de golpe