Argentina prende 1ª mulher foragida dos ataques de 8/1; já são 5 presos
Uma fugitiva envolvida nos ataques aos Três Poderes no 8 de Janeiro foi detida hoje (28) na Argentina. É a primeira mulher presa do total de cinco militantes bolsonaristas presos nas últimas duas semanas.
A Justiça argentina emitiu 58 ordens de prisão contra foragidos brasileiros após o STF (Supremo Tribunal Federal) remeter ao governo de Javier Milei uma lista com pedidos de extradição de condenados por tentativa de golpe de Estado
Ana Paula de Souza, 34, foi detida na capital Buenos Aires, na avenida Scalabrini Ortiz, região do bairro turístico de Palermo. A moradora de Florianópolis foi condenada pelo STF a 14 anos de prisão.
De acordo com autoridades que acompanham o caso, amanhã (29), ela será submetida a audiência de custódia com o juiz da 3ª Vara Federal de Buenos Aires, Daniel Rafecas. Ele decidirá se Ana Paula seguirá presa preventivamente ou não — as prisões dos outros quatro foragidos foram mantidas.
Os foragidos detidos podem recorrer à Suprema Corte argentina para responder ao processo de extradição em liberdade.
A Conare (Comissão Nacional de Refugiados), órgão subordinado ao Ministério do Interior, também pode aprovar pedidos de refúgio que os foragidos eventualmente tenham feito. Isso protegeria os militantes condenados de serem presos e extraditados para o Brasil.
De acordo com registros obtidos pelo UOL por meio da Lei de Acesso à Informação da Argentina, até o final de setembro, a Conare registrou 181 pedidos de refúgio de brasileiros. Para efeito de comparação, em 2023, foram apenas três pedidos.
A quantidade de pedidos de refúgio este ano coincide com as fugas de militantes bolsonaristas envolvidos nos ataques do 8 de Janeiro. Como o UOL mostrou em maio, eles quebraram suas tornozeleiras eletrônicas e fugiram para países como Argentina, Paraguai e Uruguai.
Militante foi a Brasília usando chip do exterior
Em audiência no STF, Ana Paula negou todos os crimes.
Disse que, às vésperas dos ataques de 8 de janeiro de 2023, pegou um avião até Goiânia com uma amiga, alugou um carro e foi a Brasília. Ela disse que apenas "passou" no Quartel-General do Exército.
Segundo relatou, ela hospedou-se em um hotel e soube que haveria "manifestação pacífica" no domingo. Disse também que iria "aproveitar" para passear na cidade, segundo depoimento dela que consta na condenação.
A defesa de Ana Paula afirma que "ela viajou a Brasília a passeio, bem como estava se recuperando de um procedimento cirúrgico".
Ana Paula afirmou que foram jogadas bombas nos manifestantes e que entrou no Palácio do Planalto "por sugestão de policiais para que pudesse se proteger". Ela foi presa "no instante em que pessoas oravam no local", diz o resumo do depoimento.
A Polícia Federal apreendeu o celular de Ana Paula, que usava um chip internacional da Inglaterra. No aparelho, havia imagens e vídeos de invasão e depredação dos prédios públicos e da Praça dos Três Poderes.
"Muito embora tenham vídeos que demonstrem atos de vandalismo no interior do Palácio do Planalto, nenhum deles aponta a acusada como pessoa que destruiu acervos no interior do palácio", afirmaram os advogados da condenada.
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