Deputado do PL elogia trabalho de Derrite e diz que casos são 'isolados'

As denúncias de abuso e violência policial cometida durante a gestão de Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de São Paulo, são considerados casos isolados, opinou Capitão Augusto (PL-SP), no UOL News, do Canal UOL, nesta quarta-feira (4).

Em hipótese alguma... O Derrite está fazendo um ótimo trabalho. Basta ver os números. Não há por que, com um ato isolado, que não representa a grande maioria dos PMs, você pedir a retirada do secretário de Segurança Pública. Capitão Augusto

O estado de São Paulo tem registrado o aumento no número de denúncias de violência policial e abusos supostamente cometidos por agentes militares.

Dois casos ganharam repercussão apenas nas últimas 48 horas: no domingo (1º), Gabriel Renan da Silva Soares, sobrinho do rapper Eduardo Taddeo, foi morto por um policial militar que estava de folga em frente ao mercado Oxxo, no Jardim Prudência, zona sul da capital paulista. No mesmo dia, outro agente foi gravado em vídeo arremessando um homem de uma ponte em uma abordagem, em Diadema, na Grande São Paulo. Neste caso, a vítima sobreviveu.

A PM matou 474 pessoas durante ações policiais no estado, entre janeiro e setembro deste ano, segundo dados contabilizados pela própria Secretaria de Segurança. A maioria dos alvos (64%) é formada por pessoas negras (255 pardos e 51 pretos).

No UOL News, o Capitão Augusto —aliado político do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos)— não especificou quais seriam esses números que revelariam o bom trabalho da gestão de Derrite.

Nós temos quase que 90 mil homens trabalhando nos 645 municípios [do estado], 24 horas por dia. Então, vocês imaginam a quantidade de intervenções que a Polícia Militar tem em todo o estado de São Paulo, o tempo todo. Nós estamos falando também de uma polícia que trabalha diretamente ligada com o combate a facções criminosas, que estão se fortalecendo e ramificando até por todos o interior paulista.

A Polícia Militar está altamente motivada no estado de São Paulo. O governador Tarcísio e o Derrite estão, sim, fazendo um excelente trabalho e conhece muito bem a área da segurança pública e não pode ser responsabilizado por atos isolados e errados. O que tem que ser analisado tem que ser averiguado é se essa questão do aumento da letalidade, se está embasada, se está justificada dentro da lei. Nós não temos compromisso nenhum com o erro. Capitão Augusto

Boulos critica Derrite

Ainda durante o UOL News, a manutenção de Guilherme Derrite na Secretaria da Segurança Pública significa uma espécie de salvo-conduto do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para ação da Polícia Militar, afirmou o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).

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Eu acredito que, em qualquer lugar do mundo, uma cena como aquela que a gente viu ontem, de uma pessoa sendo arremessada de uma ponte por um policial em serviço, o secretário de Segurança já teria sido demitido no minuto seguinte.

Lamentavelmente, não é isso que tem acontecido, o exemplo está vindo de cima: quando o governador diz que 'não está nem aí', quando o secretário de segurança tem toda uma série de ódios na sua carreira policial mal esclarecidos e ele estimula a violência policial... E é isso que está acontecendo na gestão do Derrite. Me surpreende, inclusive, que a gente não tenha um movimento mais forte na sociedade paulista pela demissão do Derrite. Guilherme Boulos

Assista ao comentário:

Mortes em ações policiais aumenta

A PM matou 474 pessoas durante ações policiais no estado de São Paulo de janeiro a setembro deste ano. A maioria dos alvos (64%) é formada por pessoas negras (255 pardos e 51 pretos). Ainda há 143 vítimas identificadas como brancas, enquanto as outras 25 pessoas não tiveram a cor da pele registrada.

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O levantamento feito pelo UOL mostra ainda que 99% das vítimas são homens, como o estudante Marco Aurélio Cardenas Acosta. A capital paulista lidera a lista de mortos com 122 casos, seguida de Santos, com 36, e São Vicente, 29.

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