Depredou relógio, roubou toga, pichou estátua: como estão envolvidos no 8/1
Do UOL, em São Paulo
08/01/2025 12h08Atualizada em 08/01/2025 20h48
Os atos golpistas de 8 de janeiro completam dois anos nesta quarta-feira. Até agora, 371 pessoas foram condenadas criminalmente pelo STF e outras 527 pessoas fecharam Acordos de Não Persecução Penal, o que permite a aplicação de medidas alternativas.
Veja a situação de alguns dos envolvidos no caso.
Maria de Fátima Mendonça Jacinto Souza
Conhecida como Fátima Tubarão por ser da cidade catarinense, ela tinha 67 anos na época. Fátima foi condenada pelo STF a 17 anos de reclusão pela participação dos atos antidemocráticos em agosto do ano passado.
Não cabem mais recursos contra a decisão. Por isso, o ministro Alexandre Moraes determinou em novembro que começasse o cumprimento da pena dela. Fátima já está em prisão preventiva desde janeiro de 2023.
Ela foi condenada por cinco crimes. Os crimes são abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, associação criminosa armada, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado.
Ela virou destaque nas redes sociais por vídeo gravado durante a invasão às sedes dos Três Poderes. Na gravação, Fátima diz estar "quebrando tudo" e ameaça Moraes. "Vamos para guerra. Vou pegar o Xandão agora. Em outro trecho do vídeo, ela afirma que defecou em um dos banheiros do prédio da Suprema Corte. Em juízo, a idosa confirmou o ato, mas alegou não saber de quem era a sala invadida.
A idosa afirmou em seu interrogatório que apenas repetiu o que a multidão gritava em meio à confusão. Segundo Fátima, ela agiu por medo da situação e não houve intuito de incitar a violência.
Antônio Cláudio Alves Ferreira
Mecânico quebrou relógio histórico no Palácio do Planalto. Ferreira, de 32 anos, foi condenado pelo STF a 17 anos de prisão em regime fechado. Atualmente, está detido no Presídio Professor Jacy de Assis, em Uberlândia (MG). Ele começou a cumprir a pena em dezembro do ano passado.
Vandalismo foi registrado por câmeras de segurança e teve ampla repercussão internacional. Ele destruiu o artefato francês do século 17 presenteado a Dom João 6º. Especialistas reconstruíram a obra, que voltou ao Brasil.
Ferreira confessou o ato e alegou que o cometeu "em razão da reação dos órgãos de segurança". Ele foi condenado por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, associação criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Além da pena de prisão, foi ordenado o pagamento de R$ 30 milhões em danos morais coletivos.
Débora Rodrigues dos Santos
É ré por pichar estátua "A Justiça" com batom. A cabeleireira de 39 anos escreveu "perdeu, mané" no monumento —a frase foi dita pelo ministro Luís Roberto Barroso, hoje presidente do STF, após as eleições de 2022 ao ser interpelado por um apoiador de Jair Bolsonaro. Débora ainda não foi julgada pela Corte. Ela está presa desde março de 2023 no interior de São Paulo.
Débora fez uma carta com um pedido de desculpas ao ministro Alexandre de Moraes. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, ela disse que não sabia da simbologia e valor material da estátua.
Francisco Wanderley Luiz, que morreu ao cometer um atentado a bomba ao lado da estátua, deixou um recado mencionando Débora. No entanto, não nenhum indício de relação entre eles.
Ana Priscila Silva Azevedo
Uma das organizadoras dos atos antidemocráticos. Ela foi condenada a 17 anos de prisão e está presa em Brasília. No entanto, ainda espera a análise dos recursos para início do cumprimento da pena.
Ela filmou a viatura da Polícia Legislativa caída no espelho d'água em frente ao Congresso e falou em "colapsar o sistema" e "tomar o poder de assalto". "Isso aqui não é golpe, é um contragolpe, que vocês são golpistas, bando de vagabundo", disse na época. Em setembro de 2023, em depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Ana Priscila afirmou que "não sabia que estava errando, e muito menos poderia imaginar que estava a praticar um crime". Na ocasião, ela disse que a manifestação era pacífica e que não participou da depredação.
Marcelo Fernandes Lima
Homem pegou réplica da Constituição. Ele próprio devolveu o documento histórico quatro dias depois. Em depoimento à PF naquele dia, disse que "pegou a Constituição da mão de outras pessoas para que não fosse destruída".
Lima teve a prisão revogada em dezembro de 2023 pelo ministro Alexandre de Moraes. Ele aguarda a conclusão do julgamento no plenário virtual do STF, que vai até fevereiro. Até o momento, apenas Moraes e Cristiano Zanin votaram —ambos pela condenação.
William da Silva Lima
Homem vestiu toga de ministro. Também é réu pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro e aguarda julgamento.
Ele é natural de Campinas (SP) e foi detido ao tentar invadir ao Anexo I e à seção de gabinetes do STF. Em depoimento à PF após a prisão, ele disse que entrou no prédio da corte por curiosidade e que viajou a Brasília em um ônibus fretado por terceiros.
* Com Estadão Conteúdo