Tales: Discurso de Lula em ato de 8/1 é bonito, mas entrega tom 'superior'
O discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em cerimônia que lembrou os atos golpistas do 8 de janeiro, foi bonito, mas pode apostar que foi feito pelo novo chefe da comunicação do governo, avaliou o colunista Tales Faria no UOL News, do Canal UOL, nesta quarta-feira (8).
E acho que o discurso do Lula foi um discurso muito bonito, mas eu aposto 10 contra 1, que o Sidônio é quem está por trás desse discurso. É típico de marqueteiro.
Tales Faria, colunista do UOL
Tales se refere ao publicitário Sidônio Palmeira, responsável pela campanha eleitoral de 2022. Ele irá assumir o comando da Secom (Secretaria de Comunicação Social) no lugar do ministro Paulo Pimenta. A decisão foi tomada ontem, após reunião com o presidente no Planalto.
Durante cerimônia nesta quarta, autoridades relembraram os dois anos da tentativa de golpe promovidos por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que não aceitavam a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na ocasião, os bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. No evento de hoje, Lula fez o discurso no evento dizendo que "ainda estamos aqui, ao contrário do que planejavam os golpistas".
Ao Canal UOL, Tales considerou a fala do presidente personalista e com erros do ponto de vista político. O jornalista ainda criticou a manifestação do petista que, segundo ele, estava se achando um Deus.
É um discurso típico de marqueteiro, mas tem problemas políticos na fala. Você tinha que ter mais articulação política, mais citações políticas, menos personalista. Ele teve uma visão muito marcada pelo marqueteiro e pelo personalismo do Lula.
O ato todo teve uma tônica. Inclusive, na tônica do presidente Lula, uma tônica de apoio ao presidente. É personalizado. Não deveria ser isso. Então aí, fica isso aí. Fica um ato de governista. É um ato do governo, do Palácio do Planalto, com pouca gente.
Então, eu vejo esse discurso muito bem feito, é um discurso com marca (...) mas me deu um pouco essa impressão de que o Lula está se achando [um Deus]: 'Eu já sobrevivi a tanta coisa que agora eu sou... estou blindado'. Não pode agir dessa maneira.
Tales Faria, colunista do UOL
Nos bastidores, a candidatura à reeleição em 2026 já é dada como certa por alguns aliados políticos.
Maierovitch: 'Moraes atuou firme nas investigações de 8/1, mas houve excessos'
No UOL News, o professor e colunista Wálter Maierovitch afirmou que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes atuou firmemente nas investigações sobre atos golpistas de 8 de janeiro, mas também teve excessos e precisamos criticá-lo.
Nós precisamos separar: uma é a atuação firme de Alexandre de Moraes diante da gravidade dos fatos. Era um golpe de estado. Outra coisa são os exageros de Moraes, como, por exemplo, quem atua como investigador não pode atuar como julgador. Wálter Maierovitch, colunista do UOL
Moraes —tido como uma peça importante nas investigações— também compareceu no evento de hoje e foi ovacionado por populares. A plateia aplaudiu de forma entusiasmada o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) quando o nome dele foi anunciado pela mestre de cerimônias —nem Lula teve uma recepção tão calorosa. O magistrado é responsável pelos inquéritos dos participantes dos atentados.
Mas isso são detalhes no campo do direito. Há que se separar as coisas. Não é porque teve um papel destacado, fundamental, que esse papel vai ser apagado pelos abusos, pelos excessos —que não foram só deles, mas também do Supremo Tribunal Federal. De repente, ele se põe no papel de acusador, faz as acusações, prejulga, censura. Isso tudo a gente tem que criticar.
Mas não adianta só jogar lama no Alexandre de Moraes. Outra coisa, é a defesa da democracia, da defesa das nossas liberdades individuais, das liberdades públicas. Isso é outra coisa. Precisamos separar para sermos justos. Wálter Maierovitch, colunista do UOL
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