'Crise está na presidência do IBGE', diz ex-presidente do órgão

A crise está na atual presidência do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ao bater de frente com servidores, afirmou Paulo Rabello de Castro, ex-presidente do órgão, durante entrevista ao UOL News, do Canal UOL, nesta quarta-feira (29).

O IBGE não está em crise. Quem está em crise é a presidência do IBGE. Paulo Rabello de Castro, ex-presidente da empresa

A criação de uma fundação com a finalidade de captar dinheiro para o IBGE pôs em lados opostos os servidores e Marcio Pochmann, atual presidente do órgão. Na quarta, os funcionários realizaram ato contra a medida no Rio de Janeiro e em diferentes partes do país. O embate entre os dois lados culminou com a crise interna.

Após a repercussão, o Ministério do Planejamento anunciou a suspensão temporária da fundação, conforme informou o jornal Folha de S.Paulo.

Ao Canal UOL, Rabello sugeriu que Pochmann perdeu a mão e "convulsionou" os bastidores do IBGE.

O servidor que está lá no IBGE é concursado. E se o presidente não percebeu que estava lidando com um time de IBGEanos [termo usado para se referir aos funcionários], com opiniões próprias, que cuidam institucionalmente do órgão, dessa participação contínua, é ele que está equivocado. E eu não vejo onde que pode ter havido debate interno se existe esse estado verdadeiramente de rebelião.

As pesquisas do IBGE são íntegras, são confiáveis, os cálculos realizados podem ser utilizados com toda tranquilidade, mas, a médio e longo prazo, [a crise interna poder resultar em] desgaste. Isso está na imagem do órgão, e o IBGE depende totalmente dessa boa vontade do informante que é o público brasileiro. É ele que informa a respeito da situação do agro, do emprego, as estatísticas. Eles [os funcionários] imaginam para onde vai a credibilidade do órgão e, portanto, é preciso que haja uma intervenção rápida, direta.

Quem tem que resolver isso, tem que resolver é o Presidente da República, e os seus principais conselheiros. Nós, aqui, só apitamos olhando a história de governos. E o que ela nos diz: 'quem quer que esteja na presidência de um órgão, e se perde a mão, está convulsionando um órgão, o correto é o sujeito pedir o boné. No caso do Márcio é mais grave, porque ele não está em esgrima com forças externas ou por alguma discordância por parte da imprensa. Não! É público interno do IBGE. E já há acúmulo de demissões, o que é muito grave, porque que todos os limites de tolerância por parte desses funcionários, desses servidores, já foram ultrapassados. Paulo Rabello de Castro, ex-presidente da empresa

Lançamento da IBGE+ culminou em crise

De acordo com o instituto, a fundação da IBGE+ foi criada para que o instituto possa receber dinheiro para pesquisa e inovação não apenas do orçamento federal, mas também de ministérios, bancos públicos e autarquias como pagamento por pesquisas e outros projetos.

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Os servidores dizem que foram pegos "de surpresa" e que a criação da IBGE+ não foi discutida internamente — o que teria impedido que o corpo técnico do órgão pudesse dar colaborações. Além disso, os funcionários afirmam que a fundação foi criada sem autorização por lei, algo que é necessário em casos desse tipo.

Aziz: 'Gleisi é minha amiga, mas militante'

Ainda durante o UOL News, o senador Omar Aziz (PSD-AM) criticou a indicação de Gleisi Hoffman participar do governo Lula (PT) e disse não suportar a atuação de "ministro militante".

[A indicação de Gleisi] Não será boa para o presidente Lula. Eu adoro a Gleisi, a Gleisi é minha amiga, não tenho nada contra ela, mas ela é militante.

A Gleisi faz críticas ao Haddad... Como é que você vai botar uma ministra que faz crítica a outro ministro? Me explica aí isso. Como é que você faz isso, hein? Eu queria entender o raciocínio. Senador Omar Aziz (PSD-AM)

O presidente decidiu ao menos uma das mudanças que deve fazer no seu ministério, com a entrada da atual presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, para a Secretaria-Geral da Presidência no lugar de Márcio Macêdo. O cargo compõe o quarteto dos ministros do Palácio do Planalto, que tem livre acesso ao presidente.

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Gleisi é uma das pessoas que tem feito críticas a medidas tomadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para a contenção de gastos. Com isso, a entrada da parlamentar no governo pode sinalizar que "o ministro perderá o jogo da intriga pelo placar de três a zero". (Para ler a análise completa de Josias de Souza, clique aqui)

Assista ao trecho no vídeo abaixo

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