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Defesa diz que 8/1 é grave, mas que Bolsonaro teria repudiado o golpe

Do UOL, em São Paulo

25/03/2025 12h17Atualizada em 25/03/2025 13h24

O advogado Celso Vilardi, que defende Jair Bolsonaro (PL) da acusação de tentativa de golpe, afirmou hoje que vê "gravidade" nos atos de 8 de Janeiro, mas que o ex-presidente teria sido contrário àquelas manifestações.

O que aconteceu

Vilardi fez hoje a sustentação oral em defesa de Bolsonaro no STF. A Primeira Turma do tribunal analisa, hoje e amanhã, se o ex-presidente e os aliados se tornarão réus por tentativa de golpe de Estado e outros crimes — acompanhe ao vivo.

Advogado de Bolsonaro diz que ele "repudiou" atos de 8/1. Ele defende que não se pode colocar o ex-presidente como responsável pela invasão aos prédios da Praça dos Três Poderes, nem como líder desse movimento.

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Segundo Vilardi, Bolsonaro foi "foi o presidente mais investigado da história do país". O advogado afirmou que a investigação teve "vários objetos diferentes" até alcançar o caso da falsificação dos certificados de vacinas, que levou à operação contra o coronel Mauro Cid e à apreensão do celular dele, que tinha indícios da suposta tentativa de golpe.

Eu entendo a gravidade de tudo que aconteceu no 8 de Janeiro, mas não é possível que se queira imputar a responsabilidade ao Presidente da República, ou colocando como líder quando ele não participou dessa questão do 8 de Janeiro, pelo contrário, ele repudiou
Celso Vilardi, advogado de Jair Bolsonaro

'Socorro' a Múcio

Vilardi afirmou que Bolsonaro "socorreu" o atual ministro da Defesa, José Múcio. O advogado lembrou que Múcio disse ao programa Roda Viva, em fevereiro, que precisou recorrer a Bolsonaro para ser atendido pelos comandantes das Forças Armadas, que se recusavam a recebê-lo no final de 2022.

Bolsonaro tem usado argumentos nesse sentido. Para enfraquecer a acusação de golpe, o ex-presidente tem repetido que aceitou nomear os comandantes militares indicados por Lula antes de deixar o cargo.

O fato concreto é que o acusado de liderar uma organização criminosa para dar golpes socorreu o ministro da Defesa nomeado pelo presidente Lula, porque o comando militar não o atendia. Foi o presidente [Bolsonaro] que determinou a transição, foi o presidente que determinou que eles atendessem o ministro da Defesa, que assumiu em 1º de janeiro
Celso Vilardi, advogado de Jair Bolsonaro

Reclamação sobre provas

Vilardi também reclamou de falta de acesso à íntegra das provas. Ele declarou que obteve todos os áudios e documentos citados na investigação, mas não ao material bruto apreendido pela Polícia Federal. Por isso, Vilardi diz que só teve acesso ao "recorte da acusação" sobre o material, mas que a defesa teria direito a fazer seu próprio recorte.

As defesas de outros advogados fizeram reclamações semelhantes. O advogado José Luis de Oliveira, que defende o general Braga Netto, disse em sua sustentação que não teve acesso ao material bruto apreendido pela PF e que isso prejudicou a elaboração da defesa ao militar.

Moraes tem afirmado que deu "amplo acesso" às provas para os investigados. Hoje mais cedo, ao ler o relatório sobre a denúncia da PGR, o ministro descreveu as reclamações dos advogados e os argumentos que usou para rebatê-las.


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